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Matias Damásio
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Estrelas A miséria, a guerra e como fintou a morte: a luta de Matias Damásio para sobreviver ao horror da infância

01 de Dezembro de 2022 às 12:14
A poucos dias de encher as salas emblemáticas de Lisboa e do Porto, o cantor angolano responde às perguntas pessoais mais difíceis, com a verdade que muitos artistas tentam esconder.

A poucos dias de encher as salas emblemáticas de Lisboa e do Porto, o cantor angolano Matias Damásio mostra a verdade que muitos artistas tentam esconder. Sim, nasceu e cresceu na pobreza extrema. Sim, sobreviveu (inclusive às balas) e não tinha sonhos. Hoje, garante: "Sinto-me um sortudo. Eu só queria coisas simples... comer".

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Matia Damásio nasceu em 1982, em plena guerra civil, num dos bairros mais pobres de Benguela, Angola. Assume-o sem vergonha, porque este foi o trajeto que lhe moldou o carácter. "Eu fui pobre. Era de classe pobre. Pobreza extrema! Cresci em Benguela, num bairro que se chama Bairro da Lixeira. É o bairro onde as pessoas vão recolher o lixo para construir as suas cubatas. Foi lá onde ouvi música pela primeira vez. Cresci sem televisão e rádio em casa, mas no bairro tinham uns gramofones enormes de quem tinha vendas para chamar os clientes e tinham música o dia todo. Ouvi tanta música, comecei a bater tampas! Fui praticamente empurrado para este caminho", recorda em entrevista à TV Guia.

Ainda criança, deixou o bairro e partiu à procura de uma vida melhor ou apenas da sobrevivência. "Fui para Luanda sozinho aos 11 para 12 anos, fui para o Mercado Roque Santeiro, vivi em casas alugadas por amigos, na altura. Éramos os trabalhadores do Roque, fazíamos tudo. Engraxávamos sapatos. Escamávamos peixe. Lavávamos carros. Só dois anos depois é que a família se me juntou em Luanda, fomos viver no Bairro do Morro Bento. Foi lá onde aprendi a tocar viola e a pensar um dia ser cantor", descreve o músico.

Esta era uma altura em que não havia sonhos. "Cresci num bairro onde era praticamente proibido sonhar", refere. Este foi um período negro na história de Angola. O país vivia em guerra. O som das armas havia de se fazer ouvir até 2002. "Gostava de ter nascido depois, mas nasci exatamente no meio de uma guerra. Um ano depois de eu nascer, o meu pai foi para a guerra e fiquei a viver com a minha avó Augusta. Tenho uma referência educativa dela. Ela foi minha mãe e meu pai. Educou-me, ensinou-me as primeiras coisas e foi com ela que aprendi de tudo um pouco."

E foi a avó Augusta que havia de lhe passar os valores e as ferramentas para fintar a morte e sobreviver a estes dias de horror. Matias Damásio chorou a morte de um amigo vezes sem conta. "Sim, tenho muitos amigos que não sobreviveram. Tínhamos confrontos diários e quando acordávamos davam-nos a notícia de que o amigo do lado tinha morrido. Com 10 anos, cavei covas para enterrar pessoas. Essa era a realidade. Podia ter apanhado com uma bala... E ter morrido, sim."

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A guerra estava à porta de casa. "Os confrontos de 1992 foram terríveis! Bombardearam zonas perto da minha casa. A guerra era feita nas ruas. Houve tiros a furar a nossa casa. A entrar pelas paredes. A furar as mobílias." A vida de Matias Damásio poderia ser bem diferente, mas, uma vez mais, a avó Augusta salvou-o da revolta. "Ensinou-me que, mesmo perdendo tantas pessoas nessa vida, temos de ser gratos e honrar as pessoas que partiram. Tenho tantos amigos de infância que não estão cá... Mas se eu conquisto uma vitória hoje, é como se estivéssemos a conquistar todos juntos", orgulha-se o cantor angolano.

Leia a entrevista completa na edição desta semana da TV Guia, já nas bancas, ou aqui.

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