Herman José, de 70 anos de idade, não poupou nas palavras para os "velhos", como lhe chama, que criticavam o seu estilo de humor, durante a fase inicial da sua carreira, em entrevista exclusiva à revista TV Guia, já nas bancas de Portugal. O comediante mostra-se satisfeito por este tipo de personalidades já não integrarem o público dos seus espetáculos.

Dá-lhe gozo atuar na Província?

Dá, e ter reportório para cantar dá-me um prazer enorme.

Isto é um regresso ao básico, à estrada, quase ao início da carreira?

É um regresso ao básico, mas com vantagens. Com muito melhor reportório, com melhores músicos, com mais certezas, com melhores estradas, excelentes hotéis e sem aqueles velhos que apanhava e que já morreram todos. Os que apanhei no início eram insuportáveis.

Porquê?

Passavam o espetáculo todo a abanar a cabeça e a dizer: "Parece impossível. Ordinário!" Nesse aspeto, a natureza está bem gerida. Foi a mão divina…

Que os foi triando.

Vá, para o cemitério. Foi tudo varrido para o crematório.

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Essa foi a sua fase de imprevisível que chocava algumas pessoas.

Chocava imensas pessoas!

Dava-lhe gozo chocar?

Dava-me muito trabalho!

Não lhe dava gozo ver as reações desses Velhos do Restelo?

Não dava. Parece contraditório, mas o desconforto e a dor dos outros nunca me dão gozo. Tinha era pena que fosse assim. Agora, não ia era deixar de dizer as minhas piadas só porque havia um conjunto de tontos que achava que não se devia dizer aquilo.

Mas dava-lhe desconforto ou era a sua irreverência?

Uma pessoa quando tem 30 anos, tem uma espécie de convicção. Estamos aqui no Campo Pequeno e lembro-me sempre dos forcados. Um forcado, aos 20 anos, adora levar marradas, e até pode levar uma grande no cu e não se importa. Aos 70, a gente quer tudo menos levar marradas, seja onde for.

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