Margarida Vila-Nova surpreendeu quando se mudou com o então marido, Ivo Ferreira, para Macau, e com o primeiro filho, Martim, em 2011, onde abriram uma mercearia de produtos portugueses, colocando em segundo plano a sua carreira enquanto atriz.

"Essa ideia de sermos um exemplo ou uma referência para mim é um bocadinho assustadora. É sempre sobre o olhar que o outro tem sobre ti, e eu não me vejo assim. Dizem-me que sou corajosa, mas acho só que sou inconsciente. Quando fui para Macau por exemplo não foi um ato de coragem, foi um ato inconsciente, não estava a ver o tamanho do passo que estava a dar e a responsabilidade da decisão que estava a tomar. (...) Entretanto engravidei e o segundo filho [Dinis] já nasceu em Macau, mas tinha 25 anos, era miúda", afirmou, no podcast 'N'A Caravana'.

Depois, explica o porquê de não ter encarado a decisão da mesma forma que os demais: "Acho que foi super importante... sou muito positiva em relação a tudo no geral, não sei se positiva, otimista ou só ingénua [risos]. Eu aos meus olhos não era essa pessoa famosa, achava que profissionalmente estava a afunilar o meu percurso, que o meu percurso profissional não era assim tão interessante. Tem a ver com como os outros te vêem e como tu te vês. Achava que profissionalmente não era interessante o caminho que estava a fazer, estava com uma vontade de mudança, queria ver o mundo e viajar."

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A atriz continuou, justificando que a sua experiência na representação a permitiu encarar de forma menos árdua esta repentina mudança de vida: "Coincidiu com um processo em que tive alguns anos de contrato com exclusividade com uma determinada estação de televisão. Uma novela é como fazer uma maratona de meses, mas dá um traquejo... Quem tem a escola da novela, está preparado para ir fazer qualquer coisa. (...) Representar é algo que, quando vais fazer outro desafio igualmente difícil já tens uma ginástica enorme."

Ainda assim, muitas vezes perguntas surgiam na sua cabeça acerca desta decisão que a afastou do seu país natal: "Não estava super satisfeita com o caminho da minha vida e fui para Macau, e és reduzida à tua insignificância, ninguém fala a tua língua, ninguém sabe quem és. Ter tido uma vida diferente, ter aberto uma mercearia, uma loja de produtos portugueses. Ao fim de três anos, entrei na loja, pensei no que tinha feito à minha vida e só conseguia ver Excel na minha cabeça. Pensei: 'E agora, isto é irreversível?' Mas não, nada é irreversível, tirando algumas questões de saúde, infelizmente."

Margarida desenvolveu: "Na vida, podemos fazer qualquer coisa, mas é algo que tem de estar em nós. Chateava-me um bocado que por ser atriz só podia ser atriz. (...) O facto de ter tido este negócio que me fez pensar em mapas de Excel, fez com que me organizasse a minha vida de outra forma, e também vestia uma personagem todos os dias, com um avental em que contava histórias daqueles produtos da História do nosso País. "

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Esta fase da vida levou a que futuros desafios vissem a sua exigência minimizada na sua perspetiva: "De repente, acho que sou melhor mãe, melhor filha e melhor atriz porque passei por esse caminho, essa aprendizagem e essa viagem por Macau. Fui para o outro lado do mundo, não há o apoio da família e dos amigos, ainda por cima num momento tão delicado quando nasce um filho."

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