No 'Big Brother', Solange Tavares, de 27 anos de idade, apresentou a sua emotiva "curva da vida", com a concorrente de São Miguel a revelar os dramas que a assolaram durante a sua infância e juventude e que moldaram a sua personalidade.

"A minha infância foi incrível, sempre tive uma família muito próxima, deram-me o que precisava e não precisava", começou por dizer, antes de falar da morte precoce do seu pai: "Aos sete anos, o meu pai tem um ataque cardíaco, com 32 anos, a minha mãe fica viúva aos 29 anos. Foi muito muito difícil, foi um domingo de manhã, o meu pai acordou super mal-disposto. Lembro-me disso como se fosse hoje: o meu pai desce atrás de mim e diz filha sai que o pai precisa de ir à casa de banho. Ele entrou, não conseguiu fechar a porta sequer, porque caiu, e faleceu ali… o que eu mais queria era estar presente naquele último dia, que já sabia que era o último."

"Passei a noite toda do lado do caixão à espera que ele se mexesse. Mas de manhã quando a minha mãe me diz: ‘Filha, tens de dar um beijo ao teu pai, porque nunca mais o vais ver’. Lembro-me até hoje da cara dele no momento em que se fecha o caixão", acrescentou Solange.

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A açoriana adiantou ainda que a sua família sentiu durante muito tempo o impacto desta tragédia: "A minha mãe esteve seis ou sete anos vestida de preto, foi muito difícil. Ganhava o ordenado mínimo, com contas para pagar, dois filhos pequenos e algumas dívidas. Isto foi a desgraça da minha família: o meu pai faleceu há 20 anos e a minha mãe só, há dois ou três anos, é que pagou essas dívidas: metade da vida a pagar dívidas que não foi ela que fez."

Solange relata que conseguiu encontrar a felicidade no desporto: "Joguei vólei durante 10 anos, federada, cheguei à seleção dos Açores. Fui muito feliz. Foi o auge." Contudo, revela que era alvo de bullying durante a juventude: "Na altura da escola, eu era a mais feia, a mais magra, a que tinha mais pelos… isto era todo o santo dia. Não partilhava com ninguém. Sempre senti que tinha de ser forte e havia muito mais problemas do que isto. Nunca tive essas coisas de amor, isso não é muito para mim."

De seguida, explica os pormenores da relação abusiva que experienciou após chegar à idade adulta: "Faço 18 anos e vou trabalhar. Não sei se o maior erro da minha vida foi começar a trabalhar naquele momento com aquela ingenuidade, com aquelas pessoas. Esta pessoa foi a pior coisa que me aconteceu na vida, sinto que me fez uma lavagem cerebral. Esta pessoa é muito mais velha. Eu e ele envolvemo-nos, e foi só a desgraça. O abuso verbal, físico e o abuso sexual… isto tudo aconteceu porque eu decidi trabalhar." 

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Após fazer uma pausa, por ter ficado emocionada ao recordar esta história, a açoriana continuou: "Já não queria estudar, ser advogada, estar em casa… a perseguição era contínua, era telefonemas, era tudo. Eu saio deste trabalho e essa pessoa aparece novamente e nesse dia consigo bater a porta na cara desta pessoa e nunca mais vi essa pessoa até hoje."

Ultrapassada esta fase, Solange conseguiu encontrar o seu caminho: "Nada me assusta já, não tenho medo sequer. Sou muito mais forte e isto é o porquê de nunca me calar aqui. Ponho na cabeça que quero sair da ilha, procuro cursos no Porto e decido que quero ser cabeleireira. A minha mãe diz: 'Vai, filha. Se correr mal, voltas para casa, porque tu não vais para outro planeta. E eu fui'. A minha mãe vai ser sempre o meu anjo da guarda. Ela apoiou-me para conseguir realizar um capricho meu que se tornou num sonho, porque sou muito feliz a fazer o que faço."

Por fim, deixa algumas impressões sobre a sua vida: "Conheço o meu segundo namorado, coisa mais fofa, família mais incrível. É a minha família do Porto ainda hoje, apesar de não estarmos juntos há quatro anos. (...) A vontade de ser mãe vem desde o dia que nasci e sinto que é uma coisa que me vai transformar."

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