Cláudio Ramos, de 52 anos de idade, trabalhou durante cerca de 18 anos. Por lá viveu dias de grande alegria, sucessos e guarda até hoje memórias inesquecíveis. Mas houve também fases difíceis. E num desses momentos viu-se mesmo obrigado a fazer um ultimato à direção de programas, à época liderada por Manuel Fonseca.

“Durante muitos anos, havia um programa na SIC chamado ‘Levanta-te e Ri’, onde humoristas iam em direto para um palco fazer stand up. Durante todos esses anos, todos os humoristas e todos os domingos diziam mal de mim. Não sabiam quem eu era, não sabiam o que é que eu fazia, diziam mal de mim atacando a minha sexualidade”, recorda, em entrevista ao podcast ‘Dona da Casa’, da Antena 3.

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Este foi um período que o deixou muito em baixo e acabou por fazê-lo tomar uma atitude radical. “Sabes a única pessoa que foi contra isto? Eu, que escrevi ao diretor da altura e lhe disse ‘ou isto acaba, ou deixo de trabalhar na SIC’”, prossegue, atirando-se aqueles que na altura nunca o defenderam. “Hoje em dia, as pessoas que batem com a mão no peito, que escrevem no Instagram, que fazem 30 por uma linha a defender tudo e mais alguma coisa já eram nascidas, já cá estavam. Só que sabes qual é a diferença? É muito fácil de explicar. É que, na altura, ir contra isto não dava likes no Instagram, não se era ouvido. Era uma coisa pequenina”, acusa.

O parceiro de Cristina Ferreira nas manhãs da TVI recorda que sempre defendeu que “o ser figura pública permite às pessoas que critiquem o meu trabalho, que eventualmente critiquem a minha forma de vestir, eventualmente a minha maneira de falar.” “O que não podem criticar é um defeito físico meu, se sou gordo ou se sou magro, se falo fininho ou se eu falo grosso, se eu sou ou não homossexual, isso eles não podem fazê-lo e na altura faziam-no num palco cheio de gente em direto para a televisão e a primeira coisa que diziam era isto e isto está gravado, está aí para toda a gente ver”, afiança.

“Por isso, todos os humoristas que passaram por aquele palco e os amigos e as amigas que batem com a mão no peito e defendem causas e que vão para aqui, para ali e para aculá, todos foram cúmplices”, denuncia, admitindo que nessa época “eu era só um miúdo que tinha acabado de me estrear em televisão, que era assim desta maneira e nem sabia o que me estava a acontecer.”

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Hoje, com esta distância, Cáudio já se estaria completamente “a borrifar”, embora na altura ficasse triste. “A única coisa que me dá graça é que a maioria deles não tem coragem de me olhar de frente, porque sabem quer fizeram merda. E dá-me graça quando vejo muito deles e delas também a escreverem textos no Instagram a dizer ‘vamos defender as gordas, os magros, os louros, os de óculos, os coxos. Mas na altura não o faziam e sabem porquê? Porque lhes era conveniente, mas quando digo elas, também vão veio a ILGA fazer nada”, insurge-se.

Por fim, faz ainda questão de destacar que tanto Marco Horácio como Fernando Rocha são pessoas que estima e com quem chegou a falar sobre o tema e que lhe disseram que por vezes pode ter existido um exagero.