Se há um ano o nome de Jorge Guerreiro até passava despercebido no meio de tantas estrelas da música popular nos programas de televisão, hoje não há quem não saiba a letra de 'Vou Alugar um Quarto', aquele que se tornou uma espécie de hino do 'Big Brother Famosos'.

O cantor de 40 anos é atualmente um dos favoritos, senão o favorito, a arrecadar os 25 mil euros de prémio do reality show, já este sábado. Jorge podia já ser presença habitual no 'Manhã CM', 'Estamos em Casa', 'Somos Portugal' ou 'Domingão' mas foi com o reality show que o sonho de uma vida inteira - ser um cantor e encher salas após salas - se poderá concretizar.

A vida de Jorge Guerreiro não tem sido fácil. A amiga de longa data, Romana, já o disse: "Ele lutou muito para chegar aqui, Nunca desistiu". A cantora conhece o cantor há muitos anos. Sim, porque desde os 27 que o menino do Cacém tentava a sorte no mundo artístico. Primeiro começou nos 'karaokes' da zona: ora no Cacém, ora em Sintra, ou na margem sul do Tejo.

Presente, muitas vezes, estava Amélia, a progenitora que se tornou presença assídua nas galas de domingo de 'Big Brother Famosos'. "Ele também cantava em casa. Sempre teve este gosto de cantar. Adorava cantar músicas do Sérgio Rossi e da Ágata", relata a mãe.

Mas a vida não era fácil. Jorge não podia viver da música e por isso trabalhava num 'call center'. "Foi aí que ele começou. Primeiro a atender chamadas como todos e depois tornou-se um dos responsáveis. Pelo caminho lá ia fazendo karaokes a ver se coisa dava", conta-nos um amigo que diz que o que o distingue de todos os outros "é o coração".

E a sorte acabou por lhe bater à porta em 2010, com o Festival da Canção e o tema 'Ai, Lisboa'. Quer dizer... sorte mas não tanto porque, para sua tristeza, Jorge acabaria no fim da tabela e tema passar despercebido apesar do salero. A vitória nesse ano foi de Filipa Azevedo e o tema 'Há Dias Assim'.

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Com cinco filhos e uma casa sempre cheia, Amélia nunca escondeu o seu orgulho no seu Jorge. Questionada sobre como reagiu à vontade do filho querer viver da música garante que tanto ela como o pai, já falecido, encararam com alegria e sem reticências. "Encarámos a entrada dele nesta carreira com muita alegria. O pai levava-o para ter aulas de canto. Sempre fomos muito felizes com a sua escolha e sempre tivemos muito orgulho nele. Nunca andou perdido em termos profissionais. Trabalhava e fazia espetáculos."

"O pai levava-o para ter aulas de canto. Sempre fomos muito felizes com a sua escolha e sempre tivemos muito orgulho nele"

Sim, porque Jorge tinha em mente que só quando conseguisse fazer concertos sozinho e aparecesse com regularidade na televisão deixaria o trabalho no 'call center'. O certo é que o empenho fez dele um dos meninos queridos dos programas de sábado e domingo quer na SIC, quer na TVI. Aliás fonte da produção do 'Domingão' revela: "Não há ninguém mais paciente e querido que ele. Se for preciso estar mais cedo ele está. E traz sempre qualquer coisa para a produção. Nem todos são assim. Muitos chegam, cantam e vão-se embora. Ele nunca. Tem sempre uma palavrinha para quem o leva ao palco, para quem o recebe..."

Ensinamentos de uma progenitora sempre atenta. "Ele sempre foi muito calminho. O Jorge, em pequeno, não era muito traquinas. Nunca se metia em aventuras. Brincava aqui na praceta com os irmãos, foi sempre uma criança e um jovem muito calmo", descreveu recentemente numa entrevista a mãe à TV Guia.

Aliás, a relação com a mãe que nunca se perdeu... nem com o tempo. Ainda hoje Amélia revela a proximidade que têm: "Ele almoça e janta comigo sempre que pode e os concertos deixam... ". E conta mais: "A casa é de cinco filhos. Ele mora onde pode e onde está. Às vezes, dorme em Lisboa, outras onde está nos concertos. Esta casa onde vivo por exemplo é dele. E a casa dele é dentro do meu coração".

Jorge contudo guarda dores profundas: uma de 2017, outra de 2021. O músico não se alarga em palavras mas revela ter perdido o pai em 2017. "Ele estava internado por causa de cancro. Consegui despedir-me, cheguei ao pé dele, ele não abria os olhos. Mas eu dei-lhe a mão, ele apertou a minha, tenho a certeza que aquele apertar de mão foi uma despedida. Eu falo todos os dias com ele e acredito que está sempre comigo e com os meus irmãos", revelou, quando fez a "linha da vida" no 'reality show' da TVI.

No ano passado, nova perda. Jorge despediu-se de um dos seus irmãos: "Estava com a minha mãe, o meu telefone toca, abracei-me a ela, mas ela percebeu que aquele abraço não era um abraço normal e eu disse-lhe então que o meu irmão tinha falecido. Aquilo foi um terror tão grande", contou relembrando um momento particular. "Há uma imagem que não me sai da cabeça (...) que é entrar lá em casa e ver aqueles dois miúdos [os sobrinhos], de pijama, sentados no sofá à nossa espera, com uma dor… Eles eram muito apegados ao pai e o meu irmão a eles. Essa imagem… de olhar para os olhos deles e ver uma tristeza...", revelou. 

"Ele só se meteu nas cantigas quando começou a ter os casacos e a roupa"

O medo de que as coisas não corressem bem esteve sempre presente para Jorge que nunca quis desapontar os pais. Os anos de 2020 e 2021 - em pandemia - não foram fáceis para o cantor. "Não foram fáceis para ninguém", defende Romana. "Onde é que havia concertos? Uma pessoa ia tentando...", recordou a amiga recentemente numa entrevista. Jorge contudo não desistiu. E fez bem. Aos poucos a forma como tratava todos aproximou-o de João Baião, Mónica Jardim, Fanny...e claro Manuel Luís Goucha e Cristina Ferreira a quem ele já agradeceu publicamente pelo convite para o 'Big Brother'. Afinal, quem resistia à sua simpatia e à alegria das suas músicas que punham Portugal a cantar e dançar nos "bailaricos"?

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Num ano que não tinha sido fácil monetariamente, Jorge acabava por ter a sua estrelinha da sorte com um convite surpreendente...entrar no 'BB'. É notória alguma cumplicidade com Cristina - e com muitos elementos do 'Somos Portugal' - tanto que a apresentadora por vezes esquece-se... e lá deixa escapar um "tu"  em vez de um "você". Nada que se leve a mal. 

É que quem conhece Jorge Guerreiro garante que ele nunca se vai deslumbrar. Nunca o fez, de resto. E não vão ser 25 mil euros que o vão mudar. "Ele só se meteu nas cantigas quando começou a ter os casacos e a roupa. Não queria deixar os pais preocupados. Tanto é que agora até é conhecido pelas roupa que usa", garante um amigo de longa data.