Mariana Monteiro, de 36 anos de idade, recordou os seus primeiros passos enquanto atriz, na terceira temporada dos 'Morangos com Açúcar', da TVI, abrindo o livro sobre como foi viver esse ambiente em pessoa e como era a dinâmica entre o elenco.

"Não havia separação entre estúdio e casa, passávamos 12 horas juntos. Quase todos acabávamos por viver com alguém do elenco, havia pessoas que vinham de fora como eu, e vivi com a Oceana Basílio. Depois agrupámo-nos consoante afinidades, intuição, etc, porque tivemos uma formação antes de começar realmente os 'Morangos'", afirmou, no podcast 'Despolariza', do seu antigo colega de escola Tomás Magalhães.

Questionada sobre se acredita haver um preconceito associado aos atores que surgiram na novela juvenil, reagiu: "Já houve esse estigma, porque a geração 'Morangos' nasce de algumas pessoas como eu, que não tinham uma formação – mas muitas tinham esse 'background', portanto também é um pouco injusto. Foi a primeira vez que se ouvia falar em caras novas, em que se apostava em caras que não tinham dado provas nenhumas de nada. Eu tenho ao contrário, tive a sorte de ter tido isso como formação, como escola, passei para a fase prática, em que estava num plateau e, sem um método que me tinha sido ensinado, e usar recursos. Fomos sempre muito bem acompanhados, tivemos muitas pessoas que nessa altura foram família."

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A atriz confessa que é uma era que recorda com alguma saudade: "Aquilo foi mágico para mim, ali sentia um porto de abrigo, virávamos família uns dos outros, sabíamos tudo uns sobre os outros, e acho que o fenómeno da série vinha daí: de pessoas sem ego praticamente nenhum, sem grande deslumbramento, estávamos todos para o mesmo. (…) Havia uma inocência, uma ingenuidade da própria idade."

No entanto, também foi uma época que lhe deixou algumas marcas negativas, como assinalou: "Neste ano que passou houve um concerto dos D'ZRT. No próprio dia em que é suposto ir a grupeta dos 'Morangos', a Sara Prata, o Miguel Bogalho e a Ana Guiomar mandam-me mensagem a dizer para vir, e eu disse: 'Acho que não, acho que não me vai fazer bem, não vai ser uma coisa que vou receber da melhor maneira, vai mexer em coisas', e não fui nesse dia."

Mariana Monteiro realçou, por fim, que uma dessas marcas foi a morte de Francisco Adam e Angélico Vieira: "Depois vi os 'stories' todos deles e disse: 'Não dá, vou ter de ir.' Fui enfrentar isto, até porque houve muita coisa boa, não posso olhar só para o que me marcou e teve mais impacto nesse fase, que foi sem dúvida também a perda das pessoas que tivemos queridas e muito jovens e que nos obrigou a lidar com o luto. Acabei por ver aquilo como uma homenagem e fui no dia seguinte, chorei como uma Maria Madalena, mas tive de viver aquilo, porque continua a ser a minha grande escola."

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