Estrelas Como fintou a tragédia e as dificuldades: Jorge Corrula recorda os traumas e a solidão após a morte da mãe quando tinha 5 anos

Jorge Corrula, de 46 anos de idade, brilha atualmente na novela A Promessa, para além de ser um dos investigadores de A Máscara. Motivos para voltar ao Alta Definição, mais de uma década depois. E, em conversa com Daniel Oliveira, o ator fez revelações inéditas sobre a sua vida.

Na hora de falar da infância, acabou por recordar os tempos em que foi vítima de bullying e que mudaram o seu percurso para sempre. Aliás, Jorge Corrula não esconde que ainda não fez as pazes com a sua infância por completo. “Mas estou a fazê-las aos poucos, com a família, com algumas pessoas a quem tenho que retirar informação. Começa tudo com falta ou má informação, mas preciso ainda de falar com algumas pessoas da minha infância”, descreve.

O artista cresceu em Alter do Chão, um meio rural, mas pequeno “em que julgam muito os outros e em que são muito intolerantes nesse sentido”, admite. Dos tempos de criança recorda os momentos de solidão, sobretudo depois da morte da mãe, tinha então cinco anos de idade. “Não tenho nenhuma memória da minha mãe. Olho para a fotografia dela e não me é familiar”, justifica.

Ainda hoje lembra bem como ouviu dizer que a mãe havia morrido. “Lembro-me de alguém chegar à casa da minha avó e ter dito ‘a Teresa já não está cá, já foi’. E depois levaram-me para a casa de uma prima”, confidencia. Mas somente anos depois descobriu o real motivo para esta tragédia. “Quando encontrei a certidão de óbito e vi que tinha sido uma Septicemia”, acrescenta. Jorge Corrula foi criado pela avó durante sete anos e quando esta morreu teve que lidar com um duplo luto. “Foi aí que talvez tenha feito o luto ou reconhecido a perda da figura maternal”, lembra.

Apesar de todos estes traumas e das ausências na sua vida, assegura: “a esta distância, consigo perceber que tive uma infância feliz. Se não tivesse esta infância, duvido que fosse ator”. Por isso mesmo, a estrela de A Promessa não tem dúvidas de que usou “muitas vezes para grito de dor o que estava cá dentro, algumas personagens permitiram-me isso.” “Inconscientemente usei as minhas dificuldades de infância para o que sou hoje”, diz.

Ainda assim, não esconde que gostaria de saber como teria sido a sua vida se tivesse tido mãe. “É das perguntas que sempre fiz. Não sei como seria, mas por ser pai e ter consciência de qual é o impacto que um pai e uma mãe têm na vida de uma criança, perceber qual seria o impacto que teria em mim”, finaliza.