Presidenciais 2026 "É injusto". A dor de António Filipe, o candidato à Presidência da República, que perdeu a mulher um dia antes de apresentar a sua candidatura
António Filipe, candidato à Presidência da República nas eleições de 18 de janeiro, de 62 anos, passou, em julho, por um momento delicado a nível pessoal, após a morte da mulher, a também militante comunista Orlanda Rodrigues.
O político do Partido Comunista Português casou aos 22 anos e viveu quatro décadas de matrimónio com a mulher até esta ter sido vitimada por uma doença oncológica. Com os olhos a brilhar de tristeza, António Filipe foi convidado, no programa 'Júlia', a falar sobre estes tempos mais delicados.
"Seis anos e mais uns meses desde o diagnóstico, um cancro muito agressivo. Foram seis anos de luta. O SNS correspondeu, o hospital Beatriz Ângelo seguiu com os tratamentos necessários, aquilo que era possível foi feito", começou por relatar. Questionado sobre se já aceitou o infeliz desfecho, António Filipe disse: "Que remédio aceitar... é injusto, mas temos de seguir em frente, foi uma idade ainda relativamente jovem, portanto..."
A vida de casal foi marcada por muito tempo subtraído pelas respetivas profissões. "Foram muitas ausências, conciliei durante muitos anos da minha vida as minhas tarefas de deputado com o estudo e fui professor durante 20 anos. Isto implicou muito trabalho solitário, muita ausência familiar. Não foi uma ausência cobrada, mas havia situações de menor disponibilidade para a família. O facto de haver uma convergência política, ajudou. Ela foi presidente da Junta de Freguesia de Loures, não se recandidatou por razões de saúde", descreveu.
O falecimento coincidiu com o período em que iria oficializar a sua candidatura, cenário de cujo realismo António Filipe estava ciente: "Era muito previsível, a situação era de agravamento, sabia e disse aos meus camaradas que estamos confrontados com uma eventualidade e se for muito próximo do momento em que tinhamos combinado a apresentação da candidatura, adiamos."
"A candidatura estava assente, já tinha aceitado o desafio de ser candidato a Presidente da República, já o tinha comunicado aos meus familiares. A minha família estava de acordo, acho que sim", afirmou, agregando: "Sabia-se que podia haver uma fatalidade antes da apresentação. Quando se deu, a 5 de julho, estava prevista a apresentação para dia 14 e ponderei e decidi não adiar." Neste âmbito, Júlia Pinheiro comentou: "Às vezes precisamos de um objetivo." António Filipe subscreveu: "Isso também."
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