Estrelas Entrevista exclusiva. Mãe das gémeas quebra o silêncio e fala de tudo: o divórcio, a polémica e os ataques de ódio
Passou mais de um ano desde que Daniela Martins acordou com o rosto das filhas exposto na televisão e acusações de que teria 'usado o pistolão' para que as suas gémeas, Lorena e Maitê, tivessem acesso ao medicamento mais caro do mundo, através do Serviço Nacional de Saúde, para tratar a doença rara de que sofrem quase desde o berço: Atrofia Muscular Espinhal. Mas para a empresária luso-brasileira o tempo não tem sido lá grande aliado para curar a dor e atenuar a sensação de revolta.
Quando a TV Guia entrou em contacto com Daniela para que quebrasse o silêncio sobre tudo o que viveu e nos colocasse a par do estado de saúde das crianças, hoje com seis anos, percebemos que vivia entre dois sentimentos opostos: a necessidade de falar e o receio de que as suas palavras pudessem ser mal interpretadas.
Apesar de a entrevista ter decorrido por email, o relato da empresária foi tudo menos impessoal. Numa entrevista em que não deixa nada por dizer, a empresária assume a sua quota-parte de culpa em todo o processo, mas diz que nada justifica a "onda de ódio" de que toda a sua família acabaria por ser vítima.
Da expressão 'usei o pistolão', a André Ventura, Marcelo e ao desenvolvimento de Lorena e Maitê, está tudo para ler na entrevista exclusiva da revista TV Guia desta semana.
Como está a correr a evolução das meninas, dentro do esperado da doença?
Percebo sempre evolução na força dos braços, tronco, cabeça, estão também a falar melhor. São meninas muito esforçadas e colaborativas nas terapias.
Como é o acompanhamento delas no Brasil? São seguidas por que profissionais?
O seguimento delas é com as mesmas especialidades que tínhamos em Portugal, mas cá conseguimos ter uma frequência maior. Iniciaram também uma psicóloga, pois agora que estão mais crescidas questionam mais sobre as limitações físicas e eu nem sempre sei o que é melhor responder, é uma linha ténue entre elas perceberem a realidade de hoje, mas terem motivação e fé de que vão sempre estar a melhorar. O Zolgensma (o medicamento que receberam através do SNS, com custo estimado em 2 milhões de euros) nos trouxe uma verdadeira esperança de uma vida mais comum.
A Daniela viveu um processo complicado em Portugal, tendo sido obrigada a responder em Comissão Parlamentar de Inquérito. Como descreveria esse último ano?
Este último ano foi extremamente desafiador e doloroso para mim. Ter duas crianças com Atrofia Muscular Espinhal (AME) já é muita coisa e ainda teve toda essa confusão mediática. Tanta informação mentirosa foi espalhada com o propósito de ganhar audiência ou até votos que tornou esse ano ainda mais difícil. Hoje, ainda estou a morar na casa da minha tia e graças a Deus tenho o apoio da minha família, mas falar sobre isso ainda dói muito, até mesmo porque ainda não acabou e as cicatrizes serão eternas para nós. Apesar disso tudo, me recuso a lamentar, isso não é do meu feitio. Claro que há momentos em que tudo parece ter um peso insuportável, mas nessas horas me forço a lembrar que sou a responsável pelas minhas filhas e elas precisam de mim forte, e isso é maior do que qualquer adversidade.
"Falar sobre isso ainda dói muito, até mesmo porque ainda não acabou e as cicatrizes serão eternas para nós"
Fala da dureza de tudo aquilo que a viveu em Portugal. O dia em que teve de expor a sua história na Comissão de Inquérito foi o mais difícil?
Não, o momento mais difícil não foi expor a minha história na Comissão de Inquérito, por mais delicado e injusto que tenha sido ser vítima de acusações falsas. Ainda assim, enfrentar aquele ambiente foi, sim, desafiador, houve momentos que alguns deputados levantaram a voz contra mim, um deles, inclusivamente, utilizou documentos com data falsa para confundir as pessoas e distorcer os factos, foi muito desgastante, mas sem dúvida o pior e mais difícil momento foi ver os rostos das minhas filhas na TV associados a um suposto crime. Elas foram expostas de forma cruel e desnecessária, e isso trouxe uma onda de ódio que me devastou.
Uma das pessoas que se dirigiram a si de uma forma mais dura foi o líder do Chega, André Ventura. O que é que o tratamento dele a fez sentir?
Senti-me muito desrespeitada. Tenho repulsa por esse Senhor. Esse Deputado quer ser Presidente ou Primeiro Ministro e parece que sua ambição não respeita nada nem ninguém para atingir o seu objetivo. Não consigo entender como tantas pessoas de bem podem acreditar que alguém que mente descaradamente, que ofende uma mulher utilizando datas e documentos falsos para o fazer, possa ser considerada uma pessoa correta e de valores. Ele tenta a imagem de uma pessoa de bem, mas na minha experiência pessoal foi o contrário disso, o que vi foi alguém que não mede esforços para conquistar poder, mesmo que isso signifique passar por cima de uma mulher ou, pior, de duas crianças inocentes, e usando mentira para isso. Parece-me que essa Comissão de Inquérito não está interessada em descobrir ou mostrar a verdade, estão ali a tentar construir a ‘sua própria narrativa’ da história para usar como ferramenta nas urnas. E isso torna ainda mais difícil de aceitar que tanto dinheiro público e tempo seja gasto nesse processo enquanto não se discute o verdadeiro incómodo nesse caso, que são os preços das medicações para as doenças raras. Será que estaríamos aqui hoje se o Zolgensma custasse algumas centenas de euros? De certo não. Também perdem a oportunidade de discutir como o Estado investe num valor tão alto da medicação e depois não dá suporte nas terapias para as crianças conseguirem de facto evoluir.
"Senti-me muito desrespeitada (por André Ventura). Tenho repulsa por esse Senhor. Esse Deputado quer ser Presidente ou Primeiro Ministro e parece que sua ambição não respeita nada nem ninguém para atingir o seu objetivo"
Falou-se muito da sua ligação com Marcelo Rebelo de Sousa e a família dele. Com que imagem ficou do Presidente da República no meio de todo este processo?
A minha impressão do presidente Marcelo continua a ser a mesma que eu tinha antes de tudo isso acontecer: um líder humano e muito próximo das pessoas.
"A minha impressão do presidente Marcelo continua a ser a mesma que eu tinha antes de tudo isso acontecer: um líder humano e muito próximo das pessoas"
A nível pessoal, é possível um casamento resistir a um diagnóstico tão duro e a tudo o que vocês passaram?
Eu e o pai das meninas decidimos separar-nos ainda quando estávamos em Portugal, mas mantemos uma boa relação e colaboramos para que de alguma forma as meninas recebam o melhor de nós dois.
Leia toda a história na edição desta semana da revista TV Guia, já nas bancas, ou na edição digital, aqui.
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