Estrelas "Quem é que nós somos daqui para a frente?". Bruno Nogueira chora a morte do pai e partilha a dor com os seus ouvintes: o relato emocionado do humorista
Bastante reservado na vida privada, Bruno Nogueira, de 43 anos de idade, decidiu partilhar com os ouvintes do podcast 'Isso Não se Diz', que perdeu o pai na última semana. E, mesmo sem vontade e inundado por uma dor sem fim, decidiu gravar este episódio em memória do progenitor. "Hoje vai ser um episodio muito estranho para mim mas eu não podia deixar de o fazer. Hoje é primeiro episodio que eu faço deste podcast em que já não tenho pai. O meu pai morreu esta semana. Eu tinha vindo a falar-vos de alguém próximo que estava mal e que tinha, como é óbvio, mexido com toda a minha vida e com a cor dos dias e pronto", começou.
Sem querer adiantar pormenores sobre o que determinou o fim de vida do pai, o humorista apenas avançou. "Esse sofirmento chegou ao fim, o do meu pai. A única razão pela qual estou a fazer este episódio, vou ser muito honesto, o meu pai ouvia este podcast todas as semanas, mesmo no hospital ele ouvia e acho que ele iria ficar triste se eu não fizesse. Por isso, cá estou eu. Para além de ser uma dor tremenda e eu sei que não sou o único sem pai aqui neste podcast. Sei que muitos que estão aí a ouvir estão a passar por uma situação semelhante ou já passaram ou estão na eminência de passar."
E continuou: "Para além de haver essa dor tremenda, há também uma estranha paz que eu ainda não sei bem decifrar. Acho que talvez porque ele estava muito debilitiado, foi uma coisa muito repentina, não me apetece entrar em pormenores, espero que compreendam, mas apesar de ter sido uma coisa muito repentina, a ideia da vida dele e de ele ter sido uma pessoa sempre tão ligada aos amigos, à natureza e a estar fora de casa, a ideia daquilo que o esperava parece-me muito mais triste do que ele ter ido embora em paz."
"Espero herdar isto de conseguir, se for possível, até à idade dele, de entusiasmar-se sempre, continuar a espantar-me e a justificar a maravilha que é isto de andar por cá"
No meio da dor, Bruno Nogueira procura refugiar-se na sua crença. "Portanto, há esse alivio, essa espécie de paz estranha, que faz com que no meio disto tudo e no meio de tentar processar quem é que eu sou a partir de agora, me dê também uma espécie de descanso que sei que ele está a ter também neste momento."
No entanto, há uma questão que se impõe: "Esta ideia de processar quem é que nós somos daqui para a frente? Porque algo inevitavelmente muda. Não acho que seja para pior, nem terá que ser para pior, acho que se pode construir coisas muito boas a partir daí. Mas há claramente qualquer coisa que parte e que faz com que tenhamos que dar um passo enorme no nosso crescimento e que estávamos a adiar há muito tempo (...) O que surge disso não tem que ser necessariamente mau."
Apenas passaram dias desde a perda e há palavras que ainda custam pronunciar. "É tudo muito recente, é tudo muito estranho, esta ideia da mudança repentina do tempo verbal de dizer 'o meu pai é' para 'o meu pai era', é uma coisa muito violenta, uma coisa à qual me estou habituar e não sei se algum dia me vou habituar. Era um dia que temia há muitos anos, esta ideia de perder um pai ou de perder uma mãe é um choque muito grande e uma coisa que noto é que o nosso cérebro não está, neste momento, a jogar a nosso favor."
São mais de 37 minutos dedicados ao homem da sua vida. Até ao fim dos seus dias, Bruno Nogueira espera herdar uma característica específica do pai: "Espero herdar isto de conseguir continuar, se for possível, até à idade dele, de entusiasmar-me sempre, continuar a espantar-me e a justificar a maravilha que é isto de anda por cá."
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