Estrelas Tinha apenas seis anos quando sabia que a mãe saía de casa para se prostituir. A infância traumática e de agonia de Daniel Oliveira, que fez tudo para salvar a progenitora até ao seu último dia de vida

O mundo ficou mais vazio para Daniel Oliveira que viu a mãe, Paula Robalo Ferreira, partir no dia 18 de outubro. “Sempre juntos, Mãe”, partilhou nas suas redes sociais, frase que acompanha uma fotografia sua ao lado da progenitora. A mãe do diretor de programas da SIC não sobreviveu a um problema oncológico, contra ao qual lutava há mais de um ano.

Daniel Oliveira manteve-se ao lado da mãe até ao último suspiro, perdoando as mágoas do passado, que o marcaram para o resto da sua vida. Nascido e criado num bairro social na Amadora, o marido de Andreia Rodrigues fez as pazes com as suas origens e não deixou que a destruição causada pelas drogas e prostituição acabasse com a sua ligação umbilical: a dos pais... e esteve com a mãe até ao fim. 

Já passaram 20 anos desde que Daniel Oliveira se encheu de coragem e escreveu um livro. ‘1 dose droga... 1 gr. esperança?’ é um relato arrepiante do que o diretor de programas da SIC assistiu durante a infância, com relatos impressionantes dos progenitores que, com um filho nos braços aos 16 anos, entregaram-se ao destruidor mundo da droga. “Quem me dera ter vivido antes de nascer. No tempo dos meus pais. Talvez conseguisse entender o lado bom da droga. Talvez eles me pudessem explicar qual o exaltante fascínio que ela proporciona”, é assim que começa a obra do atual diretor de programas da SIC que descreveu, em 87 páginas, “página a página, lado a lado com a droga”, a história da sua vida.

Daniel acabou por ser criado pelos avós maternos e por uma tia que, com o inferno dentro de casa, moviam-se pelo amor, enquanto aquele que devia estar a brincar e ganhar alicerces para um futuro feliz, assistia ao pior dos cenários. Sem tabus, o marido de Andreia Rodrigues fala em ressacas agonizantes e relata que até hoje se recorda da dignidade que a mãe se viu obrigada a perder em prol de um vício que a destruía dia após dia. “Eu sabia o que ela fazia, mas não tinha noção do que isso significava na vida de todos nós. (...) Para uma criança de quatro, cinco, seis anos, o grau de humilhação que está inerente à prostituição é algo impalpável.”A preocupação com as filhas

Com um passado traumático, Daniel Oliveira faz de tudo para que as filhas- Alice, de 7 anos, e Inês, de 4, tenham uma infância feliz, mas não nega que tenha que passar por alguns desafios a nível emocional, entre eles o “de não dar como um dado adquirido aquilo que elas têm”. “Mas também não quero que a minha história seja um peso para elas”, desabafou no podcast Geração 80, de Francisco Pedro Balsemão. “Não é fácil porque são filhas que nascem num contexto muito diferente do meu”, explicou