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Estrelas Vera Kolodzig quebra finalmente o silêncio: "Fui sem preconceitos"

11 de Maio de 2024 às 17:51
Aos 39 anos, atriz vive dias de sonho e fala sem tabus da série onde mostra, diz e faz tudo...
Texto Hugo Alves

Vera Kolodzig,de 39 anos de idade, está na novela 'Senhora do Mar' e tem agora um podcast na SIC Mulher, 'Kológica'. A atriz deu agora uma entrevista à TV Guia desta semana, onde mostra ter adquirido uma maturidade e um à-vontade únicos, que lhe permitiram fazer a série escaldante 'O Clube', na Opto.

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Esta é outra Vera?

Redefini a minha carreira, o meu eu. Durante muitos anos, o que tinha de me trazer satisfação ou felicidade era ser reconhecida como atriz, ser uma grande artista, fazer cinema, estar no teatro! Acreditava que era isso me que ia trazer felicidade e satisfação pessoal, até que fiz um espetáculo no Porto que não me trouxe essa felicidade. O mesmo aconteceu quando fiz o filme ‘Pedro e Inês’. Percebi então que temos de ser nós a dar propósito às coisas e não o contrário. À medida que fui descobrindo isso, a nível pessoal, os meus projetos profissionais também mudaram. Tudo se transmutou na minha vida. Não é por um papel ser mais pequeno que eu não estou feliz. Redefini a minha vida para melhor…

Sentiu que faltava ali alguma coisa?

Para descobrir? Fiz muita psicoterapia [risos]! 

Ou seja, foi aí que tudo mudou?

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Comecei a fazer televisão muito nova, tinha 14 anos. E logo como protagonista. E pensas: 'Depois disto, cresces para onde?' Só que não vivia nada alinhada. Ou seja, apesar de tudo isto, das coisas me correrem bem, era insegura, tinha uma autoestima baixa, não acreditava em mim mesma, achava que era zero talentosa, não gostava de me ver ao espelho… Havia qualquer coisa em mim que não me fazia acreditar que era boa. E subitamente comecei a colocar todo o meu valor no meu trabalho. Se estivesse a fazer uma personagem e as pessoas não gostassem de mim, ficava completamente devastada, porque achava que era algo pessoal. Não percebia que lá por não gostarem do meu trabalho podiam gostar de mim. Tudo se confundia muito. E isso afetava as minhas relações amorosas, de amizade... E isto mexeu com a minha autoestima, com a confiança que tinha. Só reconstrui esta confiança que hoje tenho com esta psicoterapia. Hoje, se as pessoas não gostam de mim, seja porque razão seja penso: 'Não gostas, não comes' [risos].

É mais confiante?

Sim. Sei quem sou. Estou alinhada entre o que digo, faço e penso, algo que durante muitos anos não estava. E deixei de querer tanto agradar os outros, quer como atriz ou figura pública.

Toda esta mudança transformou a relação com o seu filho?

O mais engraçado é que este meu redescobrir de mim mesma começou a partir do momento em que engravidei. Senti que queria ser o melhor exemplo para ele, queria contribuir para um planeta melhor – daí ter começado a ficar mais desperta para os temas da sustentabilidade – e a olhar mais para mim. E até para o meu corpo. Comecei a cuidar mais de mim e a querer ser alguém melhor.

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Como é que tem sido vê-lo crescer?

Espetacular! Ele está tão querido!

É difícil estar longe dele. Afinal, divide a guarda dele com o Diogo Amaral?

Vejo isso de outra forma. Deixa de ser o tempo sem filho, mas a semana para mim. E isto é uma ressignificação. E, a partir do momento em que fazes isto, a tua forma de olhar para aquela ausência é outra. Não posso dizer que não sinto falta dele, porque sinto. Mas percebo! 

Ter uma boa relação com o seu ex-companheiro ajuda?

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Claro! Porque posso ter de ir para os Açores, ou ele para o Brasil. Temos uma flexibilidade. E, mesmo para o Mateus, é bom tudo isto. Acima de tudo, pomos os interesses dele acima de qualquer coisa.

Bom: tudo isto?

Sim, porque ele tem a vida estruturada, quer em minha casa quer do pai. Sabe as regras de cada um, o que é o mais importante.

E está preparada para entrada do Mateus [9 anos] na pré-adolescência?

[Suspira) Vou falar com as minhas gurus de parentalidade consciente [mais risos]. Vamos ver, ele ainda não está naquela fase de querer ser crescido, o que, para mim, é espetacular. Não quero que ele viva uma puberdade precoce, por causa dos estímulos todos. Está a ser tudo no tempo natural.

Nas semanas em que está com o Mateus, abdica de tudo o resto?

Não! Até porque é importante que ele saiba que, para estar bem com ele, preciso cuidar bem de mim. Há dias em que vou jantar fora com amigas e ele fica com uma babysitter. Ele percebe que também preciso estar com pessoas. As mães não têm de deixar tudo depois de serem mães. Faço-o de forma equilibrada. E ele sabe esperar. Aliás, o mais giro é que, se o Mateus um dia me quiser conhecer a fundo, basta ouvir os 140 episódios da ‘Kológica’ [mais risos]. É um bom legado que lhe deixo.

Pode acontecer ele ouvir mais do que queria?

Acho que não, porque partilho imensas coisas com ele. Mudou foi outra coisa... o que faço é: quando quero partilhar uma coisa sobre ele, pergunto-lhe. Antes não o fazia. Ele já pode dizer que não quer ouvir ou que não quer que eu exponha algo se ele for a causa. E, às vezes, diz e eu aceito. E é lindo.

Em 2025, faz 40 anos…

[Interrompe] E sem botox!

Este aniversário tem um significado especial?

O que penso é que fiz um festão para os 39, o que quer dizer que, para os 40, vou fazer um festival [risos]. Deve ser da idade… Mas o avançar dos números está a trazer-me uma confiança que não tinha há 10 anos. E isso é espetacular. Hoje, assumo melhor o meu lugar de mulher que, se calhar, não conseguia aos 30. Estou a curtir estes anos.

Não teme, portanto, as rugas?

Não, faz parte! Nem estou assustada. Mas falamos para o ano [risos]. Tenho alguma curiosidade. Mas prefiro trabalhar na aceitação do meu corpo e nas mudanças. É assim a vida..

Foi o sentir-se bem com o corpo que a levou a ter menos medo de fazer 'O Clube'?

Se tivesse 20 anos, não conseguia. Não tinha aquela confiança! Quando fiz a ‘Fascínios’ e tive umas cenas mais sexys não encarei tão bem E atenção que não era metade do que fiz n ‘O Clube’. Agora fui sem preconceitos e sem medos. 

Falemos de amor…

Uiiiii (risos).

Está solteira?

Lá vêm eles! Sim, estou solteira. Quando tiver alguma coisa para assumir, eu ligo-vos. Juro! Mas quando for algo a sério!

Sente falta de um grande amor?

Eu tenho um grande amor…

Então? 

[Risos] Eu própria. Antes de qualquer amor, hoje estou eu. Aprender a amar-nos é superimportante. Aliás, os relacionamentos que tive na minha vida surgiram sempre nas fases em que estava melhor comigo mesma. O segundo amor… é o meu filho!

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