Estrelas Dino Santiago apela à paz em dia de despedida e revolta nas ruas de Lisboa
"Sem Justição não há paz" é o lema da manifestação que pretende encher este sábado, dia 26, o Marquês de Pombal e onde se promete ser ouvido o grito de revolta pela morte de Odair Moniz, baleado por um agente da PSP na madrugada de segunda-feira, no Bairro da Cova da Moura. Uma manifestação organizada por associações de moradores do bairro do Zambujal, onde residia a vítima, e de outros bairros da Área Metropolitana de Lisboa.
Dino Santiago, de 41 anos de idade, deixa uma mensagem e apela à paz num momento de muita revolta. "Hoje, como um rio em movimento, corpos fundem-se numa só voz – uma voz que ecoa pelos recantos esquecidos e pelas margens onde a dignidade se torna escassa. É um sopro de memória e um clamor por Odair Moniz e por todos aqueles cujas vidas foram interrompidas pela injustiça."
O artista explica o verdadeiro sentido desta manifestação: "Este manifesto representa um apelo para sanar a fratura do “nós e os outros”, uma cicatriz que o tempo cravou na carne viva da humanidade. Procura-se aqui erguer pontes, criar elos que incluam todos os vulneráveis – as crianças que ousam sonhar, os idosos que guardam memórias, as pessoas com deficiência que enfrentam barreiras invisíveis, as mulheres, as minorias étnicas e raciais, pessoas LGBTQIA+, imigrantes, refugiados e todos aqueles que foram esquecidos nas sombras."
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O cantor, que sempre se mostrou um lutador pela igualdade racial, continua: "O caminho para a equidade é longo, e a paz requer mais do que palavras – exige corpos em marcha, mãos estendidas, mentes abertas. Aspira-se a um mundo onde a diversidade seja a norma e não a excepção, onde cada rosto, de cada bairro, seja um reflexo de dignidade e humanidade."
Dino apela à calma e que os presentes não generalizem atos isolados. "É fundamental compreender que nem todos os agentes da PSP são maus profissionais; muitos encontram-se igualmente vítimas de um sistema desigual que os coloca em posições de conflito. Da mesma forma, nem todas as pessoas marginalizadas e esquecidas nos bairros sociais são criminosas; em grande parte, são pessoas invisibilizadas, carregando o peso da injustiça."
"Este é o tempo de reconhecer a humanidade comum, onde o diálogo e o respeito possam, finalmente, encurtar as distâncias que nos separam. A crença vai além das divisões simplistas entre pessoas boas ou más; há, antes, energias que se movem em frequências diferentes, modos distintos de ser e existir", lê-se.
E termina: "Hoje, às 15h, será a paz a percorrer as avenidas, do Marquês aos Restauradores, num gesto colectivo que homenageia aqueles que lutam por um mundo melhor. Que este acto de união seja um compromisso e uma promessa: que a voz continuará a erguer-se, as mãos continuarão a estender-se, até que o fosso do “nós e os outros” seja preenchido por um “nós” indivisível. Que, juntos, possamos ser os agentes de uma paz que pertença a todos os seres humanos, sem distinção."