Estrelas El Portugués
Os momentos de televisão, sem máscaras, que prendem o telespetador de forma genuína são os mais valiosos, para quem os torna possível, mas também para quem conhece de perto os protagonistas.
Paulo Futre não conseguiu conter as lágrimas no programa 'Liga D'Ouro', emitido pela CMTV, quando Octávio Machado lhe lançou um elogio. As palavras do ex-treinador desmontaram-lhe o rosto, quase sempre sorridente, e revelaram ao país um homem sensível, humilde e acima de tudo muito agarrado aos anos em que viveu feliz com a camisola do FC Porto.
O Paulinho é isto tudo e muito mais. Durante praticamente um ano fui a sua sombra, no âmbito de um espaço de opinião que assinava para a revista 'TV Guia'. O constrangimento inicial, pelo facto de estar a lidar, ao segundo, com um dos melhores jogadores portugueses de todos os tempos, rapidamente se esbateu dando lugar a uma amizade que espero manter até ao último sopro.
"Dino (tal como carinhosamente me trata), vamos almoçar. Depois avançamos para a reportagem", dizia-me o Futre. Já havia passado cerca de uma hora desde que tinha chegado à receção do Hotel Al Foz, em Alcochete. Trocámos um abraço e seguimos caminho. Ele não tem relógio, mas nunca adia um compromisso, ele ferve em pouca água, mas nunca deixa de fazer as pazes após acesa discussão.
O Paulo Futre é, hoje, o que sempre foi dentro das quatro linhas: imprevisível, explosivo, talentoso. Numa altura em que se duvida de quase tudo, posso asseverar que as lágrimas, em resposta às palavras de apreço do Mister, foram verdadeiras e assinaram um momento raro de televisão que jamais esquecerei. Obrigado Paulinho...