Estrelas Uma dor que não se esquece. Após a perda da primeira filha, Matilde Breyner conta o minutos de sufoco que viveu no parto de Mia
Matilde Breyner, de 40 anos de idade, recordou o parto da sua filha, Mia, fruto do casamento com Tiago Felizardo, após já ter atravessado duas perdas gestacionais, uma às seis semanas e uma outra, de Zoe, aos seis meses.
"Quando foi do parto da Zoe, que nasceu sem vida, eu parecia um astronauta quando chega ao Espaço e não há som. Sei que as pessoas continuavam a falar à minha volta, mas eu não ouvi ninguém. Ouvi um bebé a nascer que não chora. As pessoas falavam mas só via a boca delas a mexer", começou por afirmar a atriz, no podcast 'Um Género de Conversa', da Comercial.
"O que mais queria viver nesta segunda gravidez é: 'uau, vou ter um bebé que vai sair dentro de mim, vai chorar e eu vou saber o que isso é'. E ela nasceu e eu vi outra vez toda a gente a falar sem mexer a boca, e silêncio. Uma coisa é um silêncio durante três segundos, que parece uma eternidade, outra coisa são sete minutos. Sete minutos em silêncio… são anos", acrescentou.
"Senti-me outra vez no Espaço, mas senti que tinha a certeza absoluta que não me ia acontecer outra vez. Havia uma força e uma energia qualquer que me estava a levantar dali. Eu olhei para o Tiago, ele só olhava para mim e dizia 'Calma, calma, está tudo bem'. Eu chorava mas ao mesmo tempo dizia: 'Eu sei que está tudo bem, porque ela vai ter de chorar'", disse Matilde Breyner.
"Senti-me outra vez no Espaço, mas senti que tinha a certeza absoluta que não me ia acontecer outra vez"
Depois, elaborou: "Conseguiram pô-la a respirar com a ajuda da máquina, depois puseram-na em cima de mim e disseram: 'Mãe, agora despeça-se, vamos ter de a levar'. Ela em silêncio, muito roxa a olhar para mim, puseram-na em cima da minha cara, boca com boca. Senti-a muito quentinha eu abri a boca e disse: 'Mia, a mãe está aqui'."
E aí, a magia aconteceu: "Ela desatou num pranto que nunca mais se calou. E ela ficou comigo, não a levaram, foi um momento mágico, ainda mais mágico porque ela chorou com a minha voz. Ainda hoje em dia, ela põe a cabeça no meu colo e acalma-se."