Estrelas 20 anos após a morte que parou o País, o que muda na história de Ninguém Como Tu? Rui Vilhena conta tudo sobre a nova série da TVI
Vinte anos depois, uma das novelas mais audazes da TVI volta, mas desta vez em formato de série. ‘Ninguém Como Tu’, com estreia no final de novembro, que conta a história da vilã mais amada do país, Luísa Albuquerque, está de volta com 20 episódios (numa parceria entre a estação de Queluz de Baixo e a Prime Vídeo), mais uma vez pela mão do mesmo autor: Rui Vilhena. Uma tarefa que levou a repensar a trama. “A verdade é que não custou muito rescrever a história”, assume.
“Houve, sim, um cuidado em escrever as personagens sem que elas perdessem a essência. Afinal, isto não é uma história ‘inspirada em...’mas um remake. A mesma história mas com liberdade criativa em alguns aspetos”, conta o autor à TV Guia. “Não pude fugir da história. Mas há coisas que tiveram de ser modernizadas. Passaram 20 anos. Há temas que hoje são tratados de outra forma, outros nem fazem sentido.... Mas sempre a respeitar o original”.
Em 2005, a protagonista foi Alexandra Lencastre. Toda a história era carregada pela atriz que hoje já tem 60 anos e que vai fazer um pequeno ‘cameo’ na trama onde foi rainha. Hoje, a protagonista é outra: Joana Seixas.
Sobre a interpretação da nova terrível vilã, o autor espera o melhor. “Nunca sou eu que escolho. Nunca fui. Sei que a Joana deu um toque pessoal à Luísa, como de resto seria de esperar. Claro que vai ser diferente, como de resto todos os atores que vão entrar, o vão fazer. Há apenas uma coisa que todos, inclusive eu, tínhamos consciente: manter a essência da história e das personagens”.
"Sei que a Joana deu um toque pessoal à Luísa, como de resto seria de esperar. Claro que vai ser diferente, como de resto todos os atores que vão entrar, o vão fazer"
Um dos grandes mistérios da trama de ‘Ninguém Como Tu’ residia na morte do personagem António, na altura interpretado por Nuno Homem de Sá. “'Quem matou o António?' era a pergunta que mais me faziam”, relembra Rui Vilhena, que espera que desta vez haja a mesma curiosidade. Até porque, tal como na altura, “vai haver vários suspeitos para a morte dele [desta vez a cargo de Gonçalo Waddington]”, conta.
A culpada, em 2005, acabaria por ser Guida, interpretada por Sofia Aparício, mas o autor confessa agora à TV Guia que tinha outra pessoa em mente: Gabriel (Pedro Lima). “Eu tinha já escolhido, porque era surpreendente, era diferente. Mas de repente fizeram um inquérito ao público e percebi que havia muita gente a achar que era ele. Como tinha de surpreender as pessoas e como todos os suspeitos tinham uma razão válida, acabou por ser a Sofia Aparício”, conta Rui Vilhena, que nos garante que desta vez o mistério “vai durar até ao fim” e espera “que ninguém descubra. Se calhar desta vez até pode ser o Gabriel mesmo”, diz com uma gargalhada.
Por definir fica também o desfecho de Luísa Albuquerque. Em 2005 morria sendo levada pela mãe para outra vida... isto apesar de Alexandra Lencastre há 20 anos ter gravado vários finais. Agora, Rui Vilhena garante que vai ser igual. “Não se pode correr riscos...”
Um dos temas revolucionários na trama, quando Rui Vilhena escreveu a novela há 20 anos, foi o da homossexualidade. Se no passado era tema tabu na ficção nacional, o autor brasileiro resolveu quebrar todas as regras e pôs no ecrã um jovem a sair do armário e a assumir um namoro no final. “Na altura o papel do Frederico Barata era inovador. Nunca se tinha visto. Eu gosto de em todos os meus trabalhos fazer as pessoas refletir, de forma a tornarem o mundo melhor. Na altura a homossexualidade ainda era meio tabu e o papel do Frederico veio mudar a vida de muitos jovens. Hoje há uma mentalidade mais aberta. O tema vai ser discutido mas hoje na novela os temas mais difíceis serão o abuso sexual e o uso da inteligência artificial. A história do João permanece mas adaptada a 2025.”