Estrelas Esteve 5 dias em coma, correu risco de não voltar a andar, mas deu a volta: a incrível história de Renato Nobre, bailarino do Dança com as Estrelas, que sofreu um trágico acidente de mota
Renato Barros Nobre, bailarino que chegou ao reconhecimento através do 'Dança com as Estrelas', em 2015, enquanto par de Pimpinha Jardim, relatou todos os desenvolvimentos desde o aterrorizador acidente de mota em maio de 2023 que o deixou em coma e inclusive em risco de não voltar a andar.
"O prognóstico sempre foi muito grave: sempre foi 'Renato, não vais voltar a andar como uma pessoa normal, começa a pensar em plano B, a dança vai ser muito difícil. (...) Emocionalmente foi muito difícil de contrariar, os médicos para nós são soberanos", começou por relatar, no vídeo exibido antes da sua entrevista ao 'Dois às 10'.
Foi quando soube que ia falhar a Eurovisão, onde iria atuar pouco depois, percebeu que a situação era mais grave do que pensava e que as consequências seriam muito sérias. "Lembro-me de ter pedido ao meu irmão: ‘Então, mata-me'. Tive uma fratura periorbital, com alguma perda de visão, tive uma fratura do pulso esquerdo, perdi estes três dedos", acrescentou.
"Algumas lesões ao nível da urologia que comprometiam a quantidade de urina. Entrei em Alcoitão com suspeita de tetraplegia. Tive fratura do colo do fémur. Atualmente, tenho três parafusos na anca. Tive fratura do fémur, tenho uma cavilha do joelho até à anca. Descobriram à terceira semana de internamento uma fratura no polo inferior da rótula, portanto o meu joelho direito também ficou afetado", referiu.
"Durante sete meses e meio estive internado, entre Santa Maria, uma clínica privada a aguardar vaga em Alcoitão e em Alcoitão, onde numa das consultas que tenho com uma psicóloga e ela pergunta-me: 'Em que é que o Renato acredita?' Eu disse que acreditava que ia voltar a dançar. Ela disse-me para não pensar em planos B", sublinhou, antes de frisar: "Muita fisioterapia, muita dor, muita força de vontade e amor à minha volta da parte dos fisioterapeutas, dos médicos mais positivos, família, amigos a dizerem me que ia voltar."
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Na entrevista a Cristina Ferreira e Cláudio Ramos declarou: "Sim, tive muitas dúvidas. Parte de mim queria acreditar que voltaria a dançar, mas lá está, nós acreditamos muito naquilo que os médicos nos dizem e por muito que tentemos contrariar, eles são sempre soberanos aos nossos olhos. A minha luta foi contrariar a medicina. Dentro de alguns médicos menos positivos, encontrava mais positivos, mas sim foi violento. (...) A recomeçar tudo, reaprender a andar. Voltei para trás na minha vida."
"É a sensação de que deixa de existir propósito na vida. A incerteza de poder voltar a dançar, entre outras coisas. Nem com a minha licenciatura [em Desporto] conseguia fazer grande coisa naquele estado", afiança.
Renato conta que houve cenários muito negativos em cima da mesa: "Estive em risco de amputação, no período em que estive em coma durante 5 dias, foi a minha família que recebeu as notícias mais trágicas, porque eu estava a dormir e dizem numa reunião medica ao meu irmão que a minha perna estava a reagir mal. Tive um síndrome compartimental, que, em casos severos, aquilo que se costuma fazer é a amputação. Felizmente, caiu-me um anjo da guarda que fez com que fosse possível salvar a minha perna. Foi operada quatro vezes."
"A própria imagem de eu estar em coma foi muito agressiva para a minha família. Na notícia da possível amputação não sei o que a minha família sentiu, sendo que trabalho com o corpo", relevou.
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E quando é que começou a acreditar? "É difícil precisar um timing certo, mas foram várias circunstâncias. Houve vários acontecimentos ao longo do processo que me fizeram acreditar que era possível voltar. Um movimento hoje, outro amanhã... Tive a sorte de estar rodeado de pessoas incríveis, tanto a nível profissional como pessoal que tinha sempre uma palavra amiga", explicou.
Depois, contou como foi o conselho dos amigos Cifrão e Noua Wong: "O Cifrão e a Noua foram um caso curioso. O Cifrão foi me visitar ao Santa Maria, ele virou-se para mim e disse: 'Renato, agora é boa altura para fazeres outros cursos que gostavas de fazer', um curso de video e de inglês. Recebi aquela mensagem como que devia pensar em planos B. O Cifrão foi uma das pessoas que mais me apoiou, que me trouxe de volta ao mercado, a quem estou eternamente grato, é dificil precisar o momento certo desta luz."
De seguida, descreve como foi o seu regresso aos palcos: "Foi uma mistura de sentimentos, alguma vergonha pelas cicatrizes, senti que não estava completamente à vontade. Sinto que ainda é um processo, ainda não estou totalmente recuperado, mas foi isso que senti, muita alegria por ter voltado, mas por outro lado estou diferente, não estou igual aquilo que era. (...) Sinto que sou a mesma pessoa, mas com mais força."
"Foi uma mistura de sentimentos, alguma vergonha pelas cicatrizes, senti que não estava completamente à vontade"
Por fim questionado sobre se falou com a mulher que o abalroou, revelou: "Nunca falei com essa pessoa, ela nunca me procurou. Gostava de poder no futuro cruzar-me com ela porque não percebo como uma pessoa que causa um acidente deste dimensão não me procura. Tudo certo, mas há uma coisa que não perdoo: esta senhora não omitiu, ela mentiu sobre uma verdade, ela disse numa declaração amigavel que fui eu a ir contra ela. Eu não me lembro, mas houve testemunhas. (...) Foi muito tempo de muita burocracia. (...) Felizmente no mês passado, a seguradora da culpada assumiu por inteiro a responsabilidade."