Ângelo Rodrigues, de 37 anos de idade, admite já ter tido manifestações físicas, enquanto fazia cenas íntimas com outras atrizes durante a ficção, e justificou a sua teoria sobre o porquê de tal suceder.

"Quando fiz a série 'Olhar Indiscreto' para a Netflix Brasil lembro-me que nos ensaios foi das primeiras coisas que a preparadora de elenco nos disse, era uma série com alguma componente erótica, tivemos um cargo de coordenadora de intimidade só para gerir a coreografia e as cedências de cada ator e atriz para essas cenas", começou por dizer, no podcast 'Devaneios', do antigo colega de casa Tiago Paiva.

"Lembro-me que ela disse no primeiro ensaio: é normal vocês sentirem coisas. Em Portugal, estamos habituados a dizer que 'sim'. Se é preciso fazer uma coisa, nós fazemos mesmo que não estejamos muito confortáveis com. Este foi o projeto perfeito para conversar sobre o que é uma cena erótica e quais são os nossos limites. Foi incrível. Foi uma relação como nunca tive com as realizadoras, horizontal e não vertical", acrescentou.

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"Tive várias cenas de cama antes e há essa conversa, mas também vem de cada um, e os paninhos quentes de 'não quero que a atriz esteja a pensar que me estou a aproveitar dela'. Como isto fica tudo subentendido e por causa do movimento Me Too, há este cargo", revelou Ângelo.

Depois, exemplificou: "Estávamos num sofá e a realizadora no meio, a atriz e eu lá. A realizadora com o seu iPad a mostrar as posições do kamasutra a perguntar à atriz o que achava da posição e depois a perguntar, 'e você, Ângelo, o que acha?' E eu a pensar: 'Um puto do Norte de Portugal, um chavalo, está em São Paulo, num elenco exclusivamente com mulheres lindíssimas a pedirem-lhe para escolher as posições sexuais, e ainda me pagam'."

"Foi o primeiro projeto em que teorizei sobre isto. A nossa coordenadora de intimidade dizia que somos produtores de emoções. Se estamos o dia todo em que faço 10 cenas a discutir e  chego a casa exausto e não percebo porquê. O meu corpo produziu cortisol que é a hormona do stress, e depois quando chego a casa exausto, mas o meu corpo não sabe que passei por aquilo", declarou ainda.

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"Na reta oposta, também acontece isso com o prazer. Se estiver com uma atriz e houver fricção e toque durante um tempo prolongado, o meu corpo não sabe que estou a mentir. O meu corpo não sabe que sou ator, não posso dizer [olha para baixo e para todo o corpo] 'Calma aí, não sintas cenas porque isto é trabalho'. Não, vem dopamina, vem tudo e... pronto", apontou o intérprete, que está atualmente em cena com o musical natalício 'Quebra-Nozes e o Reino do Gelo'.

"Foi a primeira vez que pensei que são duas entidades externas quase. Sou eu a dizer 'calma, corpo, é normal isto estar a acontecer, a atração e etc., mas vamos pôr aqui uma toalha e refletir sobre isto. Portanto sim, acontece, as borboletas acontecem", elaborou.

Por fim, recordou: "Já me aconteceu e é muito constrangedor, cortar takes porque tinha um tapa-sexo, e o tapa-sexo saiu, e pensei: 'Estão 40 mulheres a ver-me...'"

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