Daniela Ruah rumou aos Estados Unidos em busca de uma carreira internacional e além de ter realizado esse sonho, a atriz de 39 anos encontrou ainda uma família: casou-se com David Paul, um dos duplos da série que protagonizou durante muitos anos.

Agora, vai estar na SIC como apresentadora de 'Os Traidores'. Em entrevista exclusiva à TV Guia, Daniela revela alguns segredos da sua intimidade.

Garante que tem uma vida familiar muito pacata, sem dramas ou polémicas. E que recusa alguns trabalhos para ter tempo para acompanhar os filhos River, de 9 anos, e Sierra, 6.

A Daniela tem noção de que é muito querida e acarinhada em Portugal? Tem noção de que os portugueses gostam de si?
Tenho, porque também gosto muito deles. E não é só por também ser portuguesa. A questão é que comecei a minha carreira com 16 anos. Com essa idade falamos em querer ir para Hollywood e fazer isto e aquilo... 

E queria ganhar um Óscar.

Sim, era um Óscar, um Óscar [gargalhadas]. Mas, pronto, agora os meus objetivos de carreira são mais realistas. Se houvesse um Óscar, tudo bem, mas esse não é o meu objetivo final [risos]. Agora amadureci, percebo melhor esta indústria e há muitas coisas que quero fazer, independentemente de prémios. Mas olhar para trás e ver uma miúda sonhadora é giro. Tinha de ter o sonho para poder chegar onde cheguei.

Tinha de ter uma propulsão.

Isso, mas como as pessoas em Portugal me conhecem dessa altura, e depois consegui chegar a Hollywood, há um carinho grande por parte dos portugueses. E depois sempre tentei ter uma vida estável. Não tenho uma vida cheia de polémicas. Evito dizer parvoíces em público. Evito fazer ou dizer coisas criticáveis.

Apresenta-se como uma mãe de família tranquila... É muito engraçado porque as fotos que publica com o David Paul e os vossos filhos mostram uma família normal, descontraída e feliz.

Basicamente, sim. Temos uma vida normal. Somos um casal, temos filhos pequenos, de vez em quando temos de acabar com as discussões entre eles. Cá em casa sou advogada, sou júri. Como mãe, como atriz e como mulher trabalhadora, enfio vários chapéus. Tenho vários papéis a concretizar na minha vida.

No Alta Definição, disse também que gosta imenso de cozinhar, de ir a lojas de flores. Disse que, se pudesse, tirava um curso de culinária, lembra-se?

E continuo a adorar! Se tivesse um tempo livre mais prolongado, era perfeitamente capaz de ir fazer um curso de culinária de umas semanas. Ofereci recentemente uma série de aulas ao meu filho, pelos seus 9 anos, porque o River é supercozinheiro. Ele, desde os 6, acorda de manhã e diz que vai fazer o pequeno-almoço. Digo-lhe que está tudo bem, desde que não mexa no fogão. Temos uma chapa sem chama e é essa que o deixo usar. Cozinha para ele e para a irmã. Tem uma noção de sabor e de textura geniais para um rapaz de 9 anos... Enche é tudo de queijo [risos]. É criança, é normal. Sim, mas aqui, nos Estados Unidos, fazem tudo com queijo. O meu marido também cozinha superbem. Ele é o chef cá de casa! Eu cozinho, mas ele gosta de experimentar receitas novas. Temos uma vida muito caseira.
Daniela Ruah rumou aos Estados Unidos em busca de uma carreira na sétima arte e encontrou, em plenas gravações, o companheiro. Casou-se com um duplo da série que protagoniza... e a família aumentou. 

As pessoas em Portugal veem a Daniela Ruah como uma estrela de Hollywood, a atriz portuguesa que cumpriu o sonho americano, mas, no fundo, a sua vida é normal. É uma artista que está a lutar para se manter numa posição e ter trabalho, mas já deu a entender que tem medo de ficar parada. Já confessou ser muito poupada, de ter um pé-de-meia para se aguentar durante dois anos.

Nesta matéria, não me identifico muito com a palavra medo. É uma realidade. Na nossa profissão um trabalho começa e acaba. Não é medo, mas antes tomar decisões lógicas e bem pensadas. É uma realidade que posso ficar sem trabalho durante 2, 5 ou 10 anos. É improvável, porque acredito em criar o meu próprio conteúdo e investir em ser criadora e não só contratada para representar. Tenho atirado sementes ao vento para que esse tipo de projetos se concretizem, mas tenho de ser pragmática: tenho de estar preparada para o caso de isso acontecer. 

O seu futuro profissional vai passar muito por vir pontualmente a Portugal fazer projetos rápidos? Está agora com Os Traidores, mas fez A Espia, para a RTP1, apresentou o Festival da Eurovisão, realizou Os Vivos, o Morto e o Peixe Frito...

[Faz um sorriso rasgado quando se fala do filme] Adorei fazer o filme e todos esses trabalhos. Só aceito coisas que adoro fazer. Acho que, quando somos mais novos e estamos a começar a carreira, tudo o que vem à rede é peixe, mas à medida que amadurecemos começamos a perceber o que nos compensa e não compensa. Estou a falar de dar o nosso tempo, de estar longe da família, de não descansar. Se não é um projeto por paixão, por gosto, para mim, hoje, não vale a pena aceitar. Quando tenho um pé em Portugal e faço um trabalho, é porque vale mesmo a pena e vou crescer como artista. Para não estar em casa, no meu núcleo, onde sou superfeliz, tem de ser um trabalho que me preencha. Vou fazer 40 anos e tenho de saber o que vale e o que não vale a pena.