Estrelas Finalmente a entrevista! Os bastidores da saída de Judite Sousa da CNN, contados pela própria, em exclusivo: "Eu estou a falar a verdade"
Guerra, mentiras e vídeo, podia ser o título deste "filme". O caso Judite Sousa-TVI/CNN apanhou quase todos de surpresa devido aos contornos das graves acusações da jornalista à sua antiga entidade patronal. Mas também pela forma inédita como o diretor da estação, Nuno Santos, esteve duas vezes em direto nos dois canais da Media Capital a tentar refutar essas mesmas acusações.
Tudo começou quando uma espectadora mais atenta aproveitou a presença de Judite Sousa no Instagram para lhe perguntar diretamente se a sua ausência dos jornais da CNN queria dizer que tinha deixado o canal de informação. Judite, de 61 anos, respondeu que sim. Estava aceso o rastilho para rebentar uma enorme bomba que deixou marcas nos dois lados da barricada.
Mas afinal de que se queixa Judite Sousa? São cinco as principais reclamações:
- Ausência de um contrato de trabalho durante 5 meses e meio;
- Sem pagamento de ordenado durante 5 meses e meio;
- Falta de seguro de saúde e de vida quando esteve a cobrir a guerra em Lviv, na Ucrânia;
- Ocultação à redação da CNN do seu cargo de coordenadora editoral;
- Bullying.
Depois do texto que acrescentou nas suas redes sociais após o caso ser conhecido, Judite Sousa explica agora em exclusivo à The Mag como se sente neste período conturbado da sua vida, um momento que não define a sua carreira de quase quatro décadas, mas que inevitavelmente mexeu consigo, até porque assume com frontalidade as fragilidades decorrentes da tragédia que lhe aconteceu com a morte do filho, André Bessa: "A partir do momento em que o meu filho morreu há uma franja mediática que começou a olhar para mim como uma pessoa frágil, facilmente manipulável do ponto de vista emocional. Aquele respeito que existia em relação a mim, fruto de uma carreira de 40 anos, diluíu-se."
Então afinal como se sente Judite Sousa? "Fisicamente estou muito bem, obviamente emocionalmente abalada. Estes oito anos não foram fáceis e não foi só a morte do meu filho. Houve muita coisa que se passou na minha vida que tive de ultrapassar. Este é mais um momento."
"EU ESTOU A FALAR VERDADE. MOSTREM OS DOCUMENTOS"
Admitindo que "não merecia" estar a passar por toda esta polémica, a conceituada jornalista reitera na primeira pessoa tudo que tem vindo a ser divulgado, tal como publicou a TV Guia na edição que chegou às bancas esta quinta feira. "Houve uma tentativa de me desmentir por parte da Media Capital, através do Nuno Santos. Ele fez o papel dele, mas penso que os portugueses perceberam de que lado está a verdade. Se dizem que eu menti, onde está o processo por difamação? Se dizem que eu menti, onde estão os documentos a provar isso? Não existem, porque eu estou a falar a verdade." Nuno Santos, primeiro telefonicamente no 'Dois às 10' da TVI e depois presencialmente num jornal da CNN afirmou estar surpreendido com a notícia da renúncia de Judite ao contrato de trabalho a recibos verdes que celebrou apenas na primeira semana de maio. "A indicação que temos é que ela está de baixa", disse.
"Foi enviado pelo meu advogado uma notificação no dia 23 de junho com a rescisão do contrato. Portanto como é que a Media Capital diz que está surpreendida, agora em agosto?", contrapõe Judite, que com voz determinada insiste na sua versão que esteve na Ucrânia completamente desprotegida pelo canal.
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"Sabia obviamente que não tinha contrato mas aceitei ir, o que não sabia é que não tinha seguro de vida nem de saúde. E estive doente na Ucrânia e precisei de ser injetada duas vezes. Nunca assinei papel nenhum antes de ir. E não me deram dinheiro nenhum, é verdade quando digo que não conheço a cor das notas da Ucrânia", refere, sublinhando que "só 10 dias depois de regressar" é que a empresa lhe apresentou um contrato de 30 dias com um seguro associado. "Esse documento só chega quando já estou em Portugal. Não o assinei, claro. Olhando agora para trás vejo que não houve cuidado em proteger-me", lamenta-se.
VÍTIMA DE BULLYING
E vai mais longe quando justifica a acusação de ser vítima de bullying. "Antes de ir para o ar na estreia, no dia 22, só quatro ou cinco pessoas é que vieram desejar-me boa sorte. O bullying começou na semana anterior, quando saíram duas notícias cuja origem só pode ser de um sítio: a primeira, que o meu contrato estava fechado a sete chaves e que só era do conhecimento da administração e que estava a causar muito mal estar na empresa. Isto quando não havia contrato nenhum, como agora se percebe. A segunda, foi no dia da estreia, logo uma hora depois, quando os jornais online me acusaram de não dizer 'boa noite' no início do jornal - o que é mentira, basta ver o vídeo - e que o meus colegas não me perdoavam."
"Há mais situações, mas não vou desenvolver", diz Judite, certa, no entanto, que havia quem lhe quisesse mal. "O objetivo era desestabilizar-me do ponto de vista emocional. E a empresa não saiu em minha defesa. Em nenhuma das situações."
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Terá sido nesse momento que Judite percebeu que o sonho de integrar um projeto pioneiro em Portugal com a marca internacional da CNN iria tornar-se num pesadelo: "Vivemos num país onde uma pessoa, estando frágil, não pode aparentar em público essas vulnerabilidades porque se o fizer é meio caminho andado para se lhes por o pé em cima."
E durante este processo alguma vez teve uma palavra de apoio do diretor-geral da TVI, José Eduardo Moniz? "Nunca tivemos uma relação próxima. Ele como diretor-geral não é uma presença na redação, vi-o uma ou duas vezes. Mas sei que ele nunca me iria proteger. Por muito que o pudesse querer fazer."
Mesmo tendo inaugurado a CNN sem contrato e ter estado cinco meses e meio sem receber, Judite garante que não vai procurar ser ressarcida de qualquer valor. "Não foi o dinheiro que me levou a aceitar ir para a CNN. Foi o projeto. Abrir um canal de televisão é um momento que dá satisfação, que nos orgulha. Está feito. E não vou voltar a falar neste assunto", assume, deixando a ideia que a ligação ao jornalismo, tal como a fomos conhecemos ao longo de 40 anos, está terminada: "Eu quero é paz e sossego."