Estrelas Francisco Moita Flores reage às manifestações em Lisboa: "Alarvidade Parlamentar"
Escutar o Chega ou o Bloco de Esquerda falar sobre polícias é ouvirmos a voz da ignorância. Gente sem escrúpulos que usa acidentes pontuais para os vestir ideologicamente com os seus ódios e produzir monumentais chorrilhos de disparates, tão apaixonados por aquela causa em concreto que a realidade se dissolve à sua volta.
Eu estive lá. Parece não importar, mas ao menos é um testemunho vivido. De um tempo de brasa, onde às mãos das FP25 e das FP27 morreram muitos polícias, alguns deles meus amigos que, ainda hoje, guardo saudade. E também morreram muitos cidadãos varados pelas balas de polícia.
São momentos que guardamos para sempre. É um ultraje a qualquer polícia insinuar que devia receber uma medalha porque matou. É a negação do viver democrático colocar a hipótese de que qualquer morte violenta é escondida sem direito a juízos dos vários planos por onde passa a avaliação de determinada conduta desde o incidente até à barra do Tribunal.
Aparentemente em confronto, quando se trata de polícias, o Chega e o Bloco chafurdam e respiram na mesma cultura de ódio, no mesmo desrespeito, a mesma desconsideração institucional. Querem vestir de lógica aquilo que são momentos turvados por múltiplos sentimentos que habitam na natureza humana. Ninguém dominando a sua lucidez dispara contra outro ser humano por prazer. O disparo resulta sempre de uma perceção translúcida da realidade. Estimulado pelo medo, pelo instinto de sobrevivência, pelo descontrolo emocional. E muitas vezes pela incompetência material na manipulação de armas.
Hoje, vivemos tempos brandos de conflitos agudos, bem longe daqueles que se viveram há trinta anos. Existem menos cidadãos mortos pela polícia. Existem menos polícias mortos por cidadãos.

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Mariana Mortágua: amor sem igual pela irmãAquilo que o Bloco e o Chega ambicionam, para consolidar objetivos ideológicos é de mais mortos, pois como sublinha um dos profetas do Bloco, ‘polícia bom, é polícia morto’ ou como grita um deputado esquizofrénico do Chega, cada polícia que mata merece ser medalhado.
É gente a quem não resta um pingo de humanidade. Nem de conhecimento sobre a vida. Misérias morais que chegaram ao parlamento por engano. Por mero engano.