A carreira de futebolista é, como se sabe, muito lucrativa nos clubes de topo, mas, por outro lado, é um caminho mais curto do que a grande parte das profissões. Nos últimos dias, a história de Jorge Cadete, ex-jogador de Sporting e Benfica, foi amplamente noticiada. O antigo internacional português, hoje com 57 anos, dedica-se agora ao setor imobiliário e à construção civil, partilhando vários registos nas suas redes sociais deste seu novo 'métier.'

Contudo, Cadete não é caso único. Para além dos vários jogadores que continuaram ligados ao futebol, como treinadores, preparadores ou comentadores, são alguns os casos de ex-jogadores que abraçaram desafios noutras partes da vida.

Cândido Costa é, provavelmente, o mais conhecido exemplo. Depois de pendurar as chuteiras, o jogador que passou pelo FC Porto, Belenenses e Sp. Braga ganhou uma nova vida no mundo do entretenimento, após ter chegado a passar pelo centro de emprego.

"Acabo o 12.º ano, que foram dois anos, e depois começo a fazer televisão para o Porto Canal sem receber nada. Foi muito importante para mim, porque comecei a captar muita coisa que recebia da formação, dou muito valor ao que aprendia no IEFP, e transportava para o comentário desportivo", contou, no 'Alta Definição'.

Apesar de a análise desportiva ter sido o ponto de partida, as histórias que relatava dos seus dias dentro das quatro linhas no Canal 11, nomeadamente as que envolviam Jorge Jesus, tornaram-no num fenómeno da Internet. Daí, a estação da Federação Portuguesa de Futebol ofereceu-lhe a oportunidade de se estrear como apresentador no programa 'Cândido On Tour', num formato dedicado ao desporto-rei nas divisões inferiores.

Foi, todavia, como concorrente do 'Taskmaster' que alcançou o apogeu de popularidade, participando em três edições do programa que faz furor aos sábados na RTP1, depois de ter impressionado como convidado especial na segunda temporada.

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A trilhar um caminho análogo está Ukra. Ao contrário do que acontecia com Cândido Costa, o ex-jogador formado no FC Porto, mas que ficou principalmente associado ao Rio Ave, sempre demonstrou a sua personalidade invulgarmente divertida quando ainda pisava os relvados. As ousadas brincadeiras que fazia nas redes sociais, inclusive ao lado da mulher, Neuza, não passavam despercebidas ao público, angariando assim muitos seguidores

Foi por isso que, na sequência do fim da sua carreira em 2023-24, com a despedida a ter sido marcada no jogo da formação vilacondense contra o Benfica na derradeira jornada dessa temporada, começou a ser presença em programas televisivos. Foi também convidado do 'Taskmaster', da RTP1, e fez parte do elenco de 'Congela', da TVI. Lançou ainda um livro chamado 'Histórias Divertidas do Futebol Contadas pelo Rei Ukra'.

Mais distante dos holofotes ficou Fábio Coentrão, que deu seguimento a uma paixão de longa data, até fruto da proveniência da zona das Caxinas, local com uma imutável ligaçao às atividades náuticas, e da profissão do pai, que era pescador.

O antigo lateral esquerdo de Benfica, Real Madrid e Sporting dedicou-se à pesca, algo que já havia preparado durante a carreira de jogador. "Tinha a pesca em mente desde que nasci, o meu pai sempre teve bo arco e é uma vida que eu gosto muito. Permite-me estar com os meus, com a minha família, com os meus amigos, com os meus filhos, permite muita coisa este tipo de vida", chegou a contar. Apesar da polémica em que se viu envolvido com alegado comércio ilegal de marisco, Coentrão chegou também a ser convidado para promover a pesca sustentável.

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Já Mário Jardel, ex-avançado de FC Porto e Sporting, terminou a carreira com muito menos glória do que no seu zénite futebolístico, quando era o indisputável rei do golo em Portugal. Foi eleito deputado estadual em Rio Grande do Sul em 2014, pelo Partido Social Democrático, do Brasil. Para além disso, participou no 'Big Brother Famosos' em Portugal, do qual foi quinto classificado, e recolheu simpatias por parte do público. 

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A edição seguinte do reality show da TVI acolheu Daniel Kenedy, que passou por FC Porto, Benfica e PSG, tendo ficado marcado pelo teste antidoping positivo, causado por substâncias para emagrecer, que o afastou do Mundial de 2002, após uma época de sucesso no Marítimo.

Após terminar a carreira, o vício do jogo fez com que incorresse em perdas financeiras consideráveis, abrindo mão das poupanças que angariou enquanto jogador de futebol. "Já não tinha quase nada. Perdi quase tudo no jogo. E quando não temos, recorremos a outras pessoas. A certa altura, torna-se uma bola de neve", contou a Cristina Ferreira, em 2020.

Quando saiu da casa do 'Big Brother', voltou a tentar encontrar um rumo: regressou à atividade no futebol primeiro como coordenador técnico no Estrela da Amadora e foi treinador no Loures. Mais tarde, em 2024, abriu uma empresa na indústria TVDE: "Estou a trabalhar para mim mesmo, à espera que apareça alguma coisa naquilo que eu gosto, que é o futebol, mas por enquanto estou feliz e estou bem." Recentemente, chegou a ser noticiado que recebeu ajuda de Rui Pedro Figueiredo, comentador da CMTV, para o auxiliar no seu negócio DoCereal.

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Para além destes, existe uma miríade de exemplos distintos. Deco tornou-se agente desportivo e depois dirigente desportivo do Barcelona, Jérémy Mathieu, ex-craque do Sporting, gere o departamento de uma loja de produtos desportivos em França, enquanto Eduardo Luís, campeão europeu pelo FC Porto, trabalhou na massoterapia e na vigilância de condomínio, segundo relatou ao 'Mais Futebol'. Já Idalécio, antigo central do Rio Ave, trabalhou na restauração.

No estrangeiro, houve casos como Cantona e Vinnie Jones, que chegaram a surgir em filmes enquanto atores, o antigo internacional alemão Lukas Podolski, dono de uma franquia de kebab, ou Daniel Agger, ex-Liverpool, que tem um estúdio de tatuagens.