Estrelas Chocante: dias antes de morrer, Clara Pinto Correia revela violação na noite de Natal
Clara Pinto Correia, de 65 anos de idade, foi encontrada morta esta terça-feira, dia 9 de novembro. Dias antes de morrer, a 25 de novembro, a escritora partilhou com os seus leitores um dos episódios mais dolorosos alegadamente da sua vida e que guardou até então. Na sua última crónica no 'Página Um', jornal digital onde era colunista com 'A Deriva dos Continentes', a bióloga mostrou-se feliz pela aprovação por parte do parlamento português dos crimes de violação como crimes públicos e relatou uma história passada na noite de Natal de 2020, onde terá sido ela a vítima do flagelo e que pode ser lida na íntegra aqui.
"Há cinco anos atrás, (...) foram os dois tarados que juntaram esforços para tornar possível a minha violação. E depois, como fazem todas as mulheres violadas, falei com a minha médica, mas não falei com mais ninguém", introduz assim a história, desenvolvendo: "Pensei que, envolvendo-me bem no meu silêncio em torno deste nojo, estaria a proteger todos os familiares e amigos, todos os filhos e netos que estão longe, os muitos que costumavam juntar-se regularmente comigo e que não haviam de querer andar a ter de aturar histórias porcas de foi assim ou assado."
A escritora reconhece que este acontecimento terá deixado traumas indeléveis: "Pelo contrário, vejo agora, passados mais cinco anos, que o meu desaparecimento das nossas festas, das nossas conversas, e das nossas intimidades mais profundas, magoou de certeza toda a gente que esperava de mim a pessoa que eu era dantes, e agora vou tarde para dizer 'queridas manas e mais família, queridas amigas e amigos, queridos filhos e netos, só posso pedir-vos desculpa mas não dei por isso, fiquei traumatizada até ao mais fundo do meu coração por um janado que me violou na Malorada, numa noite de chuva."
Clara contou como tudo aconteceu: depois de uma festa na Malorada, tentou apanhar o expresso para Estremoz, mas, confusa pelas indicações que ia recebendo, acabou por perder todas as camionetas. Um homem ofereceu-se para lhe dar boleia e foi aplaudido por este guarda.
Contudo, a história ter-se-á, segundo a própria, tornado num terror, com a descrição do que aconteceu.
De seguida, listou os duradouros efeitos deste incidente. "Só agora é que reparo que não, que fiquei mal, mas mesmo muito mal, depois do que aconteceu. Diga-se que fiquei traumatizada, por que não – a palavra existe para uso em casos como este. Por exemplo, nunca mais passei nenhum Natal com aqueles ajuntamentos ciclópicos de família de que, no entanto, gosto tanto. Tem sido sempre por motivos de saúde – mas, e se não fosse? Instintivamente, é como se me acontecesse alguma coisa horrível", escreveu.