Jogos Olímpicos 2024 Filipa Martins, a ginasta que faz sonhar Portugal nos Jogos Olímpicos
Filipa Martins voltou a fazer história para a ginástica portuguesa e qualificou-se para a final de 'all-around' – salto, barras assimétricas, trave e solo – nos Jogos Olímpicos de Paris. Aos 28 anos, naquela que poderá ser a última participação nesta competição, já garantiu a melhor classificação pessoal e nacional de sempre da modalidade.
Foi com apenas quatro anos que a portuense começou na ginástica, através do infantário. “Apaixonei-me pela ginástica ao primeiro impacto que tive”, disse num vídeo do COP, onde admitiu que as suas referências são a ex-ginasta Dominique Morceau e o tenista Rafa Nadal, com quem viajou para as Olimpíadas do Rio de Janeiro, em 2016. Ganhou o gosto pela modalidade e não parou até chegar às competições internacionais, tendo sido, em 2010, quando esteve nos mundiais de juniores que começou a ter os Jogos Olímpicos como ambição.
A dedicação à ginástica levou a que tivesse um crescimento diferente dos seus pares, algo que admite ter feito com gosto. “Acabei por passar muito mais tempo com a minha treinadora do que a minha mãe, ela acabou também por me formar como pessoa, não digo mais que a minha mãe, mas em muitos momentos foi ela que esteve ali a puxar-me as orelhas”, contou no podcast ‘Glória’.
Esta é a sua terceira ida às Olimpíadas, depois de já ter integrado a comitiva portuguesa em 2016 e em 2021, em Tóquio. Foi nesse último ano que se tornou a primeira lusa a ter um gesto no rol de movimentos oficiais, com o seu nome, apresentado em Basileia. “Nós estávamos a treinar o elemento básico. Devido à pandemia, conseguimos focar-nos em coisas novas, porque estamos sempre a trabalhar esquemas e este período sem competições permitiu que isso acontecesse. Estávamos no treino e decidimos experimentar algo diferente. Fomos ver o código e vimos que não existia e depois deu ainda mais motivação para continuar a treinar”, explicou.
Ao longo dos últimos anos da sua carreira, todavia, a atleta do Acro Clube da Maia tem sido massacrada por lesões, tendo já adaptado a sua agenda para evitar riscos físicos que não sejam imperativos. “Tenho cinco cirurgias nos tornozelos. Há dias melhores, há dias piores, e tento sempre prevenir ter mais lesões, mas acabo sempre por não saber bem o dia de amanhã. Se vou acordar com mais dores, se vou acordar com menos dores”, referiu, numa entrevista à Renascença. Para além de ginasta, é também estudante de mestrado de Treino Desportivo na Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.
Agora, na capital francesa, conseguiu um resultado que a enche de orgulho, através do arriscado salto Yurchenko com dupla pirueta. “Aquele salto, eu se calhar estou a treiná-lo desde 2014 ou 2015, só que é um salto tão arriscado que temos sempre medo de o meter em competição, por isso, aos meus 28 anos, pu-lo em competição...”, justificou, na zona mista da Arena Bercy. “Estou um bocadinho emocionada ainda. Acho que hoje, aqui, fizemos algo que nunca imaginámos fazer na vida, na ginástica portuguesa. Acho que nos superámos a todos os níveis e estou superorgulhosa do nosso trabalho”, disse, ainda.
A final disputa-se nesta quinta-feira, 1 de agosto, a partir das 17h15. Em prova estarão também os monumentos da ginástica Simone Biles, dos Estados Unidos, e Rebeca Andrade, do Brasil.