Estrelas O passado negro de José Carlos Malato
José Carlos Malato, de 60 anos de idade, voltou a recordar a sua infância e adolescência difíceis, agora no podcast 'A Beleza das Pequenas Coisas': "Era gordo e sofri muito. Depois, porque desde muito cedo desconfiei que tinha algumas especificidades, que eram notadas por outros, e que essas especificidades tinham um nome dado pelos outros e não era necessariamente um nome bom."
O apresentador da RTP chegou a ser vítima de homofobia, nomeadamente de um professor, por causa da sua orientação sexual. "Passei um bocadinho as passas do Algarve por ser gay antes de o saber. Não sabia o que era, mas rapidamente percebi, à custa de insultos, mesmo dos professores. Eu era um belíssimo aluno e tinha um professor que dizia: 'Então, diga lá, seu mariquinhas'", assumiu Malato, sem esconder que isso o afetou profundamente: "Havia coisas muito desagradáveis. Não há nada pior do que ouvir 'gordo', 'maricas'... Era o fim."
"Tinha um professor que dizia: 'Então, diga lá, seu mariquinhas"
A estrela da estação pública, nascida e criada em Monforte, no Alto Alentejo, assumiu-se como homossexual aos 18 anos, após a sua saída das Testemunhas de Jeová, e sempre adiou o contacto com o espelho, que só utilizava pequenos, porque tinha vergonha. Nessa altura, ocorreu a sua primeira tentativa de suícidio. "Morri várias vezes... Quando deixei as Testemunhas de Jeová, acreditava piamente em tudo o que elas significavam, só que não conseguia mudar-me. Não conseguia transformar-me naquilo que era preciso. Era uma luta inglória... Isto era como eu pensava na altura."
Após essa primeira tentativa de suicídio, José Carlos Malato deslocou-se até França para começar a fazer trabalho de campo e aí começou num looping de drogas "De experimentar tudo, de viver. Estamos a falar de 1984/85. Faço a minha libertação sexual. Foi sexo e drogas e rock 'n' roll. Foi ter gosto por uma certa decadência", assumiu. "Eu compreendo-as. Sei o que é não aguentar mais."