Estrelas Sérgio Conceição celebra os 29 anos do filho mais velho: a impressionante história de Sérgio Conceição Junior e o que fez para conseguir seguir os passos do pai
Sérgio, o mais velho dos cinco filhos de Sérgio Conceição, todos futebolistas, celebrou 29 anos nesta quarta-feira, dia 12 de novembro, e, apesar de atualmente exercerem a sua profissão a uma grande distância geográfica – o antigo internacional português treina o Al-Ittihad da Arábia Saudita enquanto o descendente joga no AEL, de Chipre – estiveram unidos para a comemoração em Portugal, aproveitando também a pausa para as seleções. Já em 2021, o aniversário foi festejado em Itália com uma festa em família.
A entrar na etapa terminal da carreira, Sérgio não conseguiu atingir o mesmo patamar que o pai no panorama futebolístico, mas assinou um percurso crescente. Iniciou a formação à "boleia" do pai no PAOK, da Grécia, e no Standard de Liège, da Bélgica, onde o antigo técnico do FC Porto jogava.
Depois, saltitou de clube em clube. Ao contrário dos irmãos Rodrigo e Francisco, nunca passou por um dos grandes nesta fase de formação, e teve de trabalhar a partir das divisões inferiores. "Recordo-me que, até aos 17 anos, mudei 13 vezes de cidade. Isso diz muito sobre a minha infância e adolescência. Nunca consegui afirmar-me onde quer que fosse, porque estava sempre a sair. aos 18 anos, quando cheguei ao futebol sénior, não havia as oportunidades que existem hoje em dia", afirmou, ao 'Flashscore'.
Em 2017/18, por exemplo, estava no Sp. Espinho, onde se cruzou com Bruno Moraes, antigo avançado do FC Porto, que, mais tarde, fez um diagnóstico ao perfil futebolístico de Sérgio, em declarações à 'Tribuna Expresso'. "O Sérgio Júnior tem qualidade, não coloco em causa se é mais ou menos do que o pai, mas a diferença entre os dois é a "fome", o temperamento. A vontade que o Sérgio pai tinha, o inconformismo, o querer sempre mais e mais, o Sérgio Júnior não tinha tanto. Com certeza foram criações diferentes e o filho acabou por usufruir de um conforto diferente do Sérgio pai e isso também teve influência na personalidade, na forma deles serem. Mas em termos de qualidade, o Sérgio filho não ficava nada atrás do pai", referiu, sobre a temporada em que Sérgio júnior só somou três partidas ao serviço dos tigres, também por culpa de uma lesão no tornozelo e de uma apendicite.
Depois de passar pela Académica, cumprindo o sonho que o pai não alcançou de jogar nos 'estudantes' como sénior, foi no Estrela da Amadora, quando os tricolores ainda disputavam o Campeonato de Portugal e a II Liga, que encontrou estabilidade na carreira. "O nome ao longo da minha vida e vai sempre pesar, porque o meu pai é uma figura muito importante no mundo do futebol, principalmente em Portugal. Cedo consegui conviver bem com isso. Ao início, quando era mais novo era mais difícil, hoje estou mais habituado", disse, numa entrevista a 'A Bola', quando já era capitão dos estrelistas.
"O nome ao longo da minha vida e vai sempre pesar, porque o meu pai é uma figura muito importante no mundo do futebol, principalmente em Portugal"
"Tenho um feitio um bocadinho complicado, mas foi esse feitio que nunca me fez desistir, após muitos obstáculos que tive, porque vim de baixo. Foi essa crença que me fez chegar à II Liga. Tudo o que consegui até hoje foi através do meu suor e não a outras coisas que as pessoas às vezes pensam, que é fácil de apontar quando se tem o nome que tenho", disse, na altura.
Na mesma entrevista, admite que questionou o pai sobre o porquê de os pais lhe terem colocado o mesmo nome. Sérgio refere que a resposta do progenitor foi: "Eras o mais velho e eu gostava do nome e pus o mesmo nome." Para além disso deixou um elogio à mãe, Liliana: "É uma guerreira, porque teve cinco filhos e sempre foi ela que cuidou de nós, nunca se opôs a nada em relação ao meu pai, sempre o apoiou em tudo. Sacrificou-se muitas vezes para que o meu pai tivesse sucesso."
Para além dos pais, Sérgio confidenciou que houve outro responsável por conseguir desbravar o caminho no desporto-rei: "O meu maior apoio sempre foi Jesus. Sou muito católico e apoiei-me muito aí. Há três pessoas na minha vida que continuam a ser muito importantes e que também são muito católicas, que ninguém conhece, que não são do mundo do futebol, mas são do meu mundo, é como se fossem uma família para mim. E são as pessoas com quem falo semanalmente e que me ajudam muito."
Após sair do Estrela, o lateral continuou a sua ascensão na carreira: teve a primeira experiência no estrangeiro, nos belgas do Seraing, e depois conseguiu estrear-se na I Liga, com quatro jogos no Portimonense, a sua única experiência primodivisionária em Portugal até ao momento.
Seguiu-se uma época de destaque no Feirense, onde teve um papel fulcral para manter os fogaceiros na II Liga com dois golos contra o Lusitânia de Lourosa no play-off. De seguida, aproveitou para defender a família que se encontrava em fase de turbilhão, fruto do conflito de Sérgio Conceição pai com Vítor Bruno no seio portista, antes deste último assumir o comando técnico dos dragões: "Foi uma semana difícil para mim. Eu e os meus irmãos somos muitas vezes atacados por coisas que não temos nada a ver. Temos de estar sempre calados porque se abrirmos a boca somos prejudicados. Respondemos sempre dentro de campo. Esta vitória vai para a minha família e para as pessoas que estão sempre comigo. Obrigado pai e mãe e manos por estarem sempre ao pé de mim."
Por fim, abandonou Portugal e rumou a Chipre, onde já vai no segundo clube do futebol cipriota, país que tem crescido a olhos vistos no contexto do futebol europeu. Ao 'Flashscore', explicou essa escolha: "Nunca senti que fosse verdadeiramente valorizado no meu próprio país. Sempre senti que fui julgado, não apenas pelo que fiz dentro das quatro linhas, mas por outros fatores. Por isso, decidi sair, para que as pessoas realmente valorizassem o meu trabalho em campo."
De seguida, admitiu que estar fora de portas acaba por trazer alguns dissabores na sua vida pessoal: "O que mais sinto falta são a minha família, os meus amigos e, claro, a minha namorada. Apesar de vir até cá várias vezes por mês, ela não está aqui a viver o dia-a-dia comigo, e isso, obviamente, é o que mais me faz falta. São as pessoas ao meu lado que neste momento não tenho. No entanto, penso que, para se ter sucesso na vida, é sempre preciso fazer algum sacrifício."
Olhando para a sua carreira, Sérgio sempre se sentiu orgulhoso da caminhada que trilhou. "Costumo dizer que o caminho mais fácil seria ter desistido ou simplesmente estar a jogar por lazer. Sem dúvida que não me faltaria comida nem teto para viver, mas não me sentiria realizado nem contente comigo mesmo", declarou, na mesma entrevista, agregando depois ter tido a preocupação de se formar também como pessoa: "Lembro-me que até aos 21 anos, os meus pais sempre me disseram: 'Enquanto estiveres em nossa casa, estudas.' Então, até sair de casa deles, tive que estudar. Fui para a faculdade, estudei até aos 21, 22 anos. (...) Quando as aulas eram de manhã e o treino era à noite, eu saía das aulas, ia treinar sozinho com um programa específico e depois ia para o treino da equipa. Podia ter dado a desculpa de que tinha aulas pela manhã, mas nunca fiz isso."