Estrelas Até as estrelas sofrem. Crise da habitação continua a levar Beatriz Godinho a pôr travão na maternidade
Beatriz Godinho, de 32 anos de idade, mantém-se firme na posição de que é difícil abraçar um projeto de maternidade por culpa das graves dificuldades no acesso à habitação, particularmente um tipo de habitação que permita a criação de uma vida confortável em família. A protagonista do filme 'Noites Claras' e atriz da novela 'Senhora do Mar', da SIC, refletiu acerca das dificuldades causadas pelo mundo moderno para o percurso pessoal.
"A crise de habitação que vivemos em Portugal, e que afeta toda a Europa, certamente influencia a vontade de constituir família. Se uma pessoa não consegue garantir um teto confortável e digno para si mesma, como pode responsabilizar-se por outro ser completamente dependente? É um grande desafio por si só, e fazê-lo longe de uma casa segura torna tudo muito mais difícil. Não é novidade que a crise de habitação que vivemos é insustentável e exige coragem política para ser resolvida", afirmou, em declarações à 'Lux'.
"Além disso, as condições de vida atuais, em que as pessoas estão sempre a correr para conseguir trabalhar o suficiente e ter uma vida minimamente digna, tornam a constituição de família ainda mais difícil. O tempo e a energia necessários para criar uma família saudável parecem estar completamente consumidos pelo trabalho, pois as pessoas não têm outra opção para lidar com o aumento do custo de vida", sublinhou.
"As condições de vida atuais, em que as pessoas estão sempre a correr para conseguir trabalhar o suficiente e ter uma vida minimamente digna, tornam a constituição de família ainda mais difícil"
A intérprete, que tem somado trabalhos de relevo em televisão e cinema, aproveitou para abordar o seu papel: "Embora seja possível enfrentar essas barreiras, tenho refletido muito sobre como a sociedade vê a maternidade hoje em dia e como isso me afeta. Tentar perceber o que quero, quando e como, faz parte desse processo."
Ademais, Beatriz Godinho declara: "O que eu gostaria de privilegiar quando for mãe é a questão da comunidade. Ter a família e os amigos por perto, esses círculos de apoio." Por fim, versa sobre os desafios da sua profissão: "A minha estratégia para lidar com a ansiedade gerada pela instabilidade da profissão é focar-me no que posso controlar (...) Isto tem-me ajudado a não cair no pessimismo quando fico sem trabalho por um período, pois sei que essa sensação de não ter mais oportunidades é uma ilusão."