Estrelas Diana Silva, a heroína da Seleção Nacional que fugiu ao ballet para cumprir sonho do futebol e que conciliou com curso universitário
Diana Silva, de 29 anos de idade, tornou-se na heroína na Seleção Nacional portuguesa de futebol feminino ao marcar os dois golos com que a equipa das quinas bateu a congénere da República Checa (1-2), nesta terça-feira, dia 3, para selar a qualificação para o próximo Europeu, na Suíça, em 2025.
Contudo, a avançada do Sporting foi obrigada a batalhar com a família para conseguir ter uma oportunidade de cumprir o sonho de calçar as chuteiras, ela que tem quatro irmãos, mas, destruíndo os preconceitos, foi a única que se tornou futebolista, ainda que o mais novo tenha tentado a sua sorte antes de se dedicar a outros afazeres.
"Inicialmente, os meus pais não aceitaram bem a ideia, porque há alguns anos existia o preconceito sobre as meninas jogarem. A minha mãe queria que eu fosse para o ballet, para as danças", contou, ao jornal 'Record', em 2022. "Tive que insistir com os meus pais para jogar futebol, pois era aquilo que eu gostava de fazer e eles acabaram por ceder, pois viam que eu era feliz", explicou ainda Diana Silva, que antes de regressar à equipa leonina, onde já tinha jogado, pôde também ter a experiência de jogar em Inglaterra.
A infância da heroína da partida de Teplice foi passada em Ourém e já nas escolas começou a dar os primeiros toques. "Todos os intervalos, lá estava eu, pronta para jogar com os rapazes. Continuei a jogar em jeito de brincadeira, o bichinho foi crescendo e perguntei aos meus pais se podia jogar mesmo a sério", revelou, ao 'Negócios', em 2017, pouco depois de ter saído do Albergaria, o clube para onde se mudou depois de se ter formado no Ouriense.
Nesta altura, conciliava o futebol com os estudos, ela que frequentou o curso de Ciências Farmacêuticas – que começou na Universidade de Coimbra antes de passar, três anos depois, para a Universidade de Lisboa, onde fez os últimos dois anos quando se mudou para o Sporting – e garantiu que a educação era algo de grande importância para si.
"Todos os intervalos lá estava eu, pronta para jogar com os rapazes. Continuei a jogar em jeito de brincadeira, o bichinho foi crescendo e perguntei aos meus pais se podia jogar mesmo a sério"
"Nunca excluí a possibilidade de ser jogadora profissional, mas também sempre tive presente na minha cabeça que, primeiro, teria de acabar o curso e só depois disso decidiria. Enquanto não acabar o curso, não penso nisso", declarou. Mais tarde, explicou: "Nem sempre é fácil conciliar, mas tudo se faz. É uma área muito vasta e que me dá muitas opções para quando tiver que decidir o que quero fazer."
Diana Silva acabou por concretizar o mestrado com uma nota de 18 valores na sua tese. "Era um bocadinho difícil. Mas comecei o curso há imenso tempo, quando não havia futebol profissional feminino. Havia mais tempo podia faltar a treinos. Os primeiros três anos até fiz com relativa facilidade. Faltava a algumas aulas, compensava com estudo, e tinha estatuto de alta competição", revelou, no podcast 'ADN de Leão'.
Nos relvados, já jogou mais de 100 vezes com a camisola da Seleção Nacional, tendo feito parte da convocatória nos Europeus de 2017 e 2022, tal como no Mundial de 2023. Pelo Sporting, venceu quatro campeonatos nacionais e quatro Taças de Portugal.