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Duas histórias exemplares de Eunice Muñoz
Eunice Muñoz

Estrelas Duas histórias exemplares de Eunice Muñoz

23 de Abril de 2022 às 00:00
A atriz era assim: genuína, dócil, pura, formada em escolas únicas: a do palco e a da vida. Não as de hoje, as das redes sociais, do dinheiro, da vaidade, da arrogância. Obrigado por tudo, dona Eunice.

A dona Eunice Muñoz partiu, aos 93 anos, após uma vida cheia, onde ajudou a engrandecer a Cultura em Portugal, com o seu talento para representar. Foram 80 peças de teatro, 40 projetos em TV, mais de 10 filmes, tudo ao longo de oito décadas de carreira! Não há currículo melhor, recebeu as mais altas (e justas) distinções do Estado. A dona Eunice partiu, sim, é verdade, mas deixa-nos um legado único a todos nós.

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Tive o privilégio de falar com ela algumas vezes, de a entrevistar, a honra de me receber na sua casa, em Oeiras. Ao contrário das Marias que andam por aí, deslumbradas com os fugazes holofotes da fama, atendeu-me sempre o telefone. Aceitou sempre os meus desafios. Não tinha agentes, não precisava deles para gerir a sua agenda, como agora qualquer principiante tem. Recordo dois exemplos das experiências profissionais que tivemos na ‘TV Guia’: uma, em 2010, para fazermos ‘Conversas de Café’, sobre o Dia da Mãe, com Isabel Figueira e Rita Ferro Rodrigues. Liguei-lhe, contei o que pretendia e a sua resposta foi um "aceito, sim. Quando é?" 

Neste encontro a quatro, disse uma coisa que nunca mais me esqueci: "A palavra tem muita importância, não é? Mas, acima de tudo, o que tem mais importância é o exemplo." Ora, aí está: quantos não falam bem, usam gravata ou joias de luxo, julgam-se importantes e depois andam com a coluna feita num 8?

Mais recentemente, em fevereiro de 2021, voltámos a falar. Queria muito que escrevesse a ‘Varanda da Esperança’, um espaço de reflexão nascido há dois anos, livre, embora já tenha havido algumas exceções. Uma delas foi com a dona Eunice. A duas semanas do dia 8 de março, convidei-a a escrever sobre a Mulher. Acho que foi a resposta mais rápida dada até hoje. "Sim, claro."

Tinha 92 anos, vivíamos o inferno da pandemia e, recordo, estava debilitada. Assinou um texto pequeno, mas, sem dúvida, um verdadeiro tesouro. Cito uma passagem: "Aprendi que o humano existe de dentro para fora, que começa na sua essência, nos seus sonhos e nunca nas marcas da sua cara ou na ponta dos seus cabelos." Dona Eunice era assim: genuína, dócil, pura, formada em escolas únicas: a do palco e a da vida. Não as de hoje, as das redes sociais, do dinheiro, da vaidade, da arrogância. Obrigado por tudo, dona Eunice.

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