Estrelas Como a fé salvou Sérgio Conceição após as mortes trágicas do pai, da mãe e do irmão: "Nunca terei a felicidade plena"
Sérgio Conceição abriu o coração para falar da sua vida pessoal, numa longa entrevista à 'Gazzetta dello Sport', na qual o atual treinador do Al-Ittihad, da Arábia Saudita, avançou pormenores sobre a sua relação com a fé e também a sua família, um dos pilares da sua existência que acabou corroído por sucessivas perdas.
"Fiz uma promessa à Nossa Senhora de Fátima, fiz os últimos 500 metros de joelhos e depois apresentei-me no retiro. Corria o ano de 1998, marco à Juventus no último minuto e ganhamos a Supertaça. A fé é uma parte fundamental da minha vida. Sou um católico praticante. Aqui não posso, mas em Milão ia à igreja todos os dias. Há uns meses, o Papa convidou-me para o Jubileu para falar do meu percurso e das minhas dificuldades", começou por dizer o antigo técnico do FC Porto, de 51 anos.
Depois, voltou a realçar o dano causado no seu âmago pela ausência dos seus familiares: "Perdi o meu pai aos 16 anos num acidente de moto, a minha mãe aos 18, depois de um longo período de doença, e depois também um irmão, eu era o sétimo de oito filhos. A fé deu-me força e tranquilidade. Quero demonstrar aos meus pais que estou cá e realizei todos os meus sonhos. Mas dentro de mim, na parte mais profunda, escondida, tenho e sempre terei algo de 'negro', como uma sombra."
"Tenho as fotos dos meus pais comigo e rezo por eles todos os dias. Sou um homem sereno, tenho cinco filhos, joguei futebol e agora treino, mas sei que nunca terei a felicidade plena sem os meus pais. É esse o vazio que tenho dentro de mim", acrescentou. Sobre a sua vida pessoal com os descendentes, o ex-técnico portista faz uma revelação: "Em casa, falamos o menos possível de futebol. O importante é que, ao jantar, deixem o telemóvel no bolso. Pedi isso também no Porto e no Milan."