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Foto: pedro ferreira
Diogo Jota e o irmão falecem em acidente perto de Zamora, Espanha
Diogo Jota e o irmão falecem em acidente de viação em Zamora, Espanha
Diogo Jota e Rute Cardoso celebram o casamento
Diogo Jota e Rute Cardoso celebram casamento
Foto: Luis Branca/Record
Diogo Jota
Diogo Jota e Rute Cardoso celebram casamento
Diogo Jota e Rute Cardoso celebram casamento

Estrelas Das lágrimas para trocar a natação pelo futebol ao dinheiro que pagou para começar a jogar futebol: as dificuldades que Diogo Jota enfrentou para conquistar o estrelato

03 de Julho de 2025 às 11:38
Internacional português nasceu no seio de uma família humilde mas nunca desistiu dos seus sonhos. Morreu aos 28 anos de idade, vítima de um acidente de viação


Nesta quinta-feira, o País acordou em choque com a notícia do falecimento de Diogo Jota, futebolista internacional português de 28 anos, que vivia uma das mais felizes etapas da sua vida, tendo-se casado há 10 dias e estado na conquista portuguesa da Liga das Nações pouco antes, num acidente que vitimou o seu único irmão, André, jogador do Penafiel.

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A história de Diogo José Teixeira da Silva – o nome ‘Jota’ vem de ter “Diogo J.” na camisola desde cedo – com o futebol já lhe corria no sangue quando nasceu no dia 4 de dezembro de 1996, no Porto. O pai, Joaquim Silva, e os tios haviam pisado os relvados pelo Sousense e ele próprio já causava estragos durante a infância. “No quintal da avó partiu muitos vasos e plantas”, relatou Joaquim, ao ‘Mais Futebol’.

Os pais até tentaram que ele enveredasse por outros desportos, mas foi um esforço infrutífero. “Quando tinha seis anos, o meu pai inscreveu-me na natação. Eu perguntei-lhe, a chorar, se podia, em vez disso, jogar futebol, porque era ao mesmo tempo. Preferia muito mais jogar à bola do que estar na piscina”, relatou o próprio Diogo, ao ‘The Athletic’. Uma das suas memórias mais marcantes de infância foi a final do Euro 2004: “Tinha sete anos e lembro-me bem.” O seu herói, claro, era Cristiano Ronaldo: “Na altura, ele tinha 19 anos, mas já jogava no Euro com tanta qualidade.”

Foi precisamente nesta altura, com sete anos, que começou o seu percurso no futebol federado, no Gondomar, sendo sempre um dos destaques da equipa, equilibrando o desempenho dentro das quatro linhas com a aptidão para os estudos – à mesma publicação, o pai conta que o pequeno Diogo não estudava em casa, mas que lhe bastava ter sucesso nas aulas para ter boas notas no secundário.

Aliás, Diogo sempre se sensibilizou com as dificuldades financeiras dos pais, Joaquim e Isabel, tanto que nunca fez pedidos extravagantes, já que tinha a noção da complexidade que era ter dois descendentes a tentar vingar no desporto-rei.

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"Quando tinha seis anos, o meu pai inscreveu-me na natação. Perguntei-lhe, a chorar, se podia, em vez disso, jogar futebol, porque era ao mesmo tempo"

diogo jota

“Não era fácil ter dois filhos no futebol e pagar o que pagávamos. O Diogo nunca nos pediu nada. Nunca nos pediu ou disse que gostava de ter umas chuteiras de marca. Ele sabia que não era possível, já tinha essa sensibilidade. É por isso que sabe dar valor às coisas, valor à vida”, explicou o progenitor.

Efetivamente, o próprio Jota revelara: "Aos 16 anos, ainda estava a pagar para poder jogar à bola. Hoje em dia, os miúdos que têm 14 ou 15 anos já têm contratos profissionais, o que é uma coisa boa, mas não era o meu caso. Até aos 16, só jogava por diversão. Tinha a sorte de ter uma equipa onde éramos todos como uma família." 

Aos 16 anos, dá finalmente o salto para o Paços de Ferreira, que, por causa da sagacidade de Gilberto Andrade, antigo coordenador da formação do clube, ganhou a corrida ao Vitória de Guimarães  pelo seu passe. O mais curioso é que o mesmo emblema, alertado pelo seu olheiro Ivo Rodrigues, tentara também contratar este jovem craque, que nunca tinha tido a oportunidade na formação de um grande português, apesar de ter ido a algumas captações.

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A decisão pela equipa pacense comprovou-se um sucesso, apesar das dificuldades iniciais, que quase levaram a que fosse dispensado nos primeiros dias. “Encontrou um contexto competitivo diferente e demorou mais a adaptar-se”, contou Gilberto, ao ‘Diário de Notícias’. A sorte acabou por mudar quando passou de médio ala a ponta de lança no clube da Capital do Móvel: foi chamado aos seniores pelo então treinador pacense Paulo Fonseca logo na época seguinte, num jogo da Taça, e convenceu-o.

Depois de um ano de sucesso já na I Liga, o Atlético de Madrid chegou-se à frente para aquela que seria a primeira experiência no estrangeiro. Contudo, acabou por ser emprestado ao FC Porto, antes de se aventurar por terras inglesas, na armada portuguesa do Wolverhampton. De lá, deu em 2020 o salto para o Liverpool, num negócio de 45 milhões de euros, onde conseguiu vencer o seu único campeonato nacional, na mais recente temporada.

"Lembro-me da primeira vez que o fui levar a Rio Maior aos treinos dos sub19. O primeiro treino, o primeiro jogo. Eu e a mãe nem fomos trabalhar nesses dias"

joaquim silva, pai de diogo jota

Pelo meio, tornou-se parte integral da Seleção Nacional, tendo-se estreado em novembro de 2020 pela mão de Fernando Santos. Mas a felicidade dos pais ao ver o filho representar a equipa das Quinas, não começou aí. “Lembro-me da primeira vez que o fui levar a Rio Maior aos treinos dos sub19. O primeiro treino, o primeiro jogo. Eu e a mãe nem fomos trabalhar nesses dias”, disse, ao ‘Mais Futebol’.

Paralelamente ao futebol, Diogo Jota tinha também uma grande paixão pelo futebol… virtual. Paixão essa que até o alheava de perigos maiores durante a adolescência.

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“Nunca foi de jantaradas, saídas à noite, nada. Ficava em casa. Eu até lhe dizia às vezes para ele ir. Para o Diogo, se houvesse futebol à tarde e Playstation à noite, estava ótimo. Demos-lhe, com grandes dificuldades, a primeira Playstation e não foi ele que nos pediu”, disse.

Diogo subscreveu, mais tarde, numa entrevista ao ‘The Athletic’: “Desde que o meu pai me deu a primeira Playstation como criança, foi como uma paixão minha. Sempre joguei futebol lá.” A referência é ao videojogo FIFA, onde era um dos melhores jogadores do mundo e passava fins de semana a vencer nos relvados virtuais, ainda que também fosse fã do videojogo de gestão desportiva ‘Football Manager’: “No mundo dos eSports, eu sinto que posso ter as três coisas ao mesmo tempo: a minha paixão pelo futebol, a competição de jogar contra outras pessoas e a gestão.”

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