Estrelas 'Estudasses'. A expressão de Tomás Taveira que perdura até hoje e que as mulheres lutam para que desapareça
A polémica, data do final da década de 1990, dos filmes em que Tomás Taveira surge a ter relações sexuais com jovens mulheres, gravadas alegadamente sem o seu consentimento, voltou à tona após a estreia da série 'O Arquiteto', da TVI, baseada na história do famoso arquiteto português, responsável por estruturas como a do Centro Comercial Amoreiras, o Estádio José Alvalade ou a estação de metro das Olaias.
A divulgação, por parte de uma personalidade que permanece anónima, a redações de publicações da época levou a que os conteúdos das cassetes se espalhassem por Portugal. Nelas, ouvem-se expressões que ficaram no imaginário popular como é o exemplo de "Todo lá dentro" ou "Estudasses", cujo uso, apesar de se manter amplo e de até surgir em merchandising dirigido a jovens – através de uma pesquisa no Google, conclui-se que ainda há várias lojas a vender produtos com a expressão – é contestado, fruto de originar de um caso que por muitos é considerado constituir um crime de natureza sexual, e de ser uma resposta vinda da boca do arquiteto ao protesto de uma das jovens filmadas nos vídeos.
Por exemplo, a ativista Clara Não, na sua crónica no 'Expresso', considerou que a forma como várias das frases usadas por Tomás Taveira nas cassetes que, segundo as suas palavras, é um símbolo de uma cultura nefasta espalhada pela sociedade portuguesa.
"Todas as expressões dos vídeos fizeram parte de letras da Praxe, pelo menos até 2020, tratando este violador como um herói, ao transformar traumas de vítimas em risadas alcoolizadas. Devido a este contexto, pela origem da expressão, peço-vos, deixem de usar a expressão 'estudasses' (...). Honrem as vítimas. Não potenciem a cultura de violação, desvalorizando os traumas que esta expressão criou. Se usavam a expressão 'estudasses' sem qualquer maldade, agora que sabem a origem, por favor, retirem-na no vosso léxico", sublinhou a também ilustradora, em outubro passado.
Analogamente, Inês Marinho, igualmente ativista e fundadora da associação 'Não Partilhes', fez um vídeo em maio deste ano, em que alinhou pelo mesmo diapasão: "Já tivemos celebridades a glorificarem publicamente Tomás Taveira. As frases ditas em contexto de abuso sexual foram usadas como 'meme' e como comédia durante anos. (...) Temos de parar de dar força e poder às pessoas que cometem estes crimes e abusam do seu poder, violando a intimidade de pessoas em situações vulneráveis. É muito duro para as vítimas estarem constantemente a ver as suas histórias usadas como comédia", assinalou, numa partilha no Instagram.
Para Tomás Taveira, as consequências foram mais reputacionais do que legais ou financeiras. "Fui rejeitado pela sociedade portuguesa, cultural e politicamente. Em Portugal, os jornalistas não me deixam viver. Estes episódios apagam-me como português. Sou um indivíduo arrumado. A única coisa que me resta é o silêncio", referiu, numa entrevista ao 'Expresso', em declarações recuperadas por um artigo da 'Flash!'.
Todavia, continuou a receber propostas para trabalhar – em 2020, ao 'Sol', Taveira indicou que estaria a trabalhar num projeto de mais um estádio de futebol, agora no Uzbequistão, depois de já o ter feito no Dubai, mas pouco se soube, posteriormente, sobre uma ligação entre redutos em construção e o arquiteto português. Para além disso, na realidade, em 1990, a Taveira até foi concedida uma indemnização, quando André Neves, diretor da 'Semana Ilustrada' onde foram publicadas imagens das polémicas cassetes, foi obrigado pelo Tribunal da Boa Hora a pagar 20 mil contos, por "abuso de liberdade de imprensa". Segundo uma crónica de António Araújo, no 'Diário de Notícias', a decisão foi tomada por um "coletivo presidido pela juíza Margarida Belo Redondo que reconheceu o 'direito à felicidade' de Tomás Taveira".
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