Quem vê Luísa Castel-Branco, de 71 anos de idade, na televisão facilmente diz que é uma mulher de armas, convita das suas opiniões e confiante. É esta a imagem que a acompanha o longo de décadas para quem assistiu aos seus programas e agora assiste aos seus comentários em 'Dois às 10'. Mas nem sempre a vida lhe sorriu. 

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Luísa Castel-Branco tem uma vida marcada por tristeza, dor e alguma mágoa. A primeira nasceu cedo, ainda do seu tempo de infância, onde nunca se sentiu amada pela mãe. "Tive a minha vida toda a impressão de que a minha mãe não gostava de mim, se calhar não és obriado a gostar dos filhos todos... Eu devia ser muito igual a ela, mas era acima de tudo quem ela gostaria de ter sido e portanto era extremamente crítica em relação a mim. Se ela estivesse viva e eu lhe perguntasse se ela não gostava de mim, eu tenho a certeza que ela diria que aquilo era mentira, para ela era menitra, mas a minha vida toda senti uma competição estranha da parte dela, não orgulho...", contou em conversa com Duarte Siopa, na rubrica da CM Rádio 'Siopa Convida'.

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Garante que em casa nada faltava a não ser amor. Porque, se da parte da mãe sentia esta falta de carinho, por parte do pai também não era diferente. "O meu pai era um ser humano muito cruel, o seu amor era muito cruel", revelou noutra entrevista a Manuel Luís Goucha. "O que sempre me fascinou no meu pai foi a inteligência, os padrões que ele exigia."

Além desta falta de amor, Luísa Castel-Branco revelou, pela primeira vez em novembro de 2022, que foi vítima de abusos sexuais aos 7 e 11 anos de idade. "Não sabia que tinha sido até mais tarde ter feito psicanálise. Tinha pesadelos recorrentes. Percebi que era uma coisa que não devia ter acontecido. Não sabia o que era, não tinha nome mas sabia que era uma coisa que me tinha sido dolorosa e que eu tinha vergonha. Calei-me até há um mês. Contei na terapia os pesadelos e o especialista começou a escarafunchar e eu percebi que não era pesadelo nenhum", confidenciou a Manuel Luís Goucha. 

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"A razão pela qual não falei foi por vergonha. Qualquer pessoa a que isto aconteça, sente que a culpa é sua. Nesse tempo não havia sequer palavra para definir isto. Quando escrevi o livro pensei 'como é que vou dizer isto ao Francisco depois de 27 anos'. É vergonha.", explica. 

Luísa Castel-Branco diz que "cresceu triste", apesar de estar sempre feliz para quem a vê. E foram os filhos que lhe deram uma nova alegria para viver. Mesmo depois de um divórcio que a deixou sem anda e que a obrigou a ter três empregos para sustentar os seus maiores amores.

"Educar estes três filhos foi maravilhoso, eles ultrapassaram em muito aquilo que eu lhes deu, são três seres humanos fantásticos, sinto muito orgulho. Acredito em Deus e acredito que vim a este mundo para ter estes filhos", remata com Duarte Siopa.