Estrelas Eduardo Madeira não tem dúvidas do que vai mudar no mundo do humor depois do processo entre Joana Marques e os Anjos
Eduardo Madeira esteve no 'Grande Jornal', da CMTV, para comentar o caso entre Joana Marques e os Anjos, que tem estado nas bocas do País, dividido entre quem apoia e critica a humorista. O colega de profissão da ré deste julgamento considera que há uma
"Para nós é uma questão muito sensível. Entrou-se numa lógica corporativa, estarmos todos a defender-nos uns aos outros, como se houvesse necessidade disso. A questao dos limites do humor que levou a este processo já cansa um bocadinho. Já foram feitos os argumentos finais sobre esta história", declarou o comediante, que até figurou recentemente num 'sketch' sobre este tema, tal como Joana Marques, no programa 'Ruído', da RTP1.
"No meu caso, o que acho é que os limites somos nós próprios que os criamos. Quem escreve e faz o humor. O objetivo em última análise é fazer rir, qualquer piada que faça rir é válida, o gosto é subjetivo. Não sendo moralista, as piadas podem é ser mais corajosas. Quando fazemos piadas para pessoas que supostamente estão numa posição como um bispo ou um presidente é para pessoas que estão num lugar de poder", assinalou Eduardo Madeira.
Depois, especifica qual, a seu ver, é a diferença entre os alvos do humor: "Quando fazemos sobre pessoas fragilizadas a piada não é melhor nem pior, mas é mais ou menos corajosa, e fica na consciencia de quem a faz. Se faço sobre o Presidente da República faço uma piada para cima, a gozar com uma pessoa que tem um poder e estou a demonstrar coragem, se faço com uma pessoa que teve um problema, estou a aproveitar-me de uma fragilidade."
"Quando fazemos sobre pessoas fragilizadas a piada não é melhor nem pior, mas é mais ou menos corajosa"
Sobre este caso específico, refere: "Ali há uma fragilidade, mas é temporária. Seria mais fácil para a Joana se fizesse sobre um artista de terceira categoria, não é o caso, são os Anjos. Eu já fiz piadas sobre Tony Carreira, Xutos & Pontapés e o Toy, e não me parece que nenhum desses artistas viu a carreira ameaçada, alguns deles vieram-me dizer que acharam graça, se calhar não acharam, mas pelo menos não deram relevo. Os Anjos não são propriamente de segunda e terceira categoria, estamos a falar de pessoas que enchem coliseus."
Questionado sobre se Joana Marques cruzou alguma linha vermelha na sua opinião, rejeitou essa tese: "Acho que não. Ontem, o [Fernando] Alvim dizia que eles se calhar ficaram mais magoados do que lesados. Mas uma pessoa que fica magoada não pode ir para tribunal. É legítimo ficar magoado, com esta situação."
De seguida, realçou este último ponto: "Os Anjos devem ter ficado magoados e sentido alguma injustiça, até pelos problemas técnicos. Mas acho que sendo eles artistas de renome, tendo uma carreira sólida, deviam tratar aquilo como um episódio. Toda a gente tem maus episódios."
No entanto, finalizou dizendo que este caso poderá moldar o futuro do humor em Portugal: "Acho que este caso poderá fazer aquilo que se chama jurisprudência, há um antes e depois do 'processo Joana'. Isto cresceu imenso, aquilo que era um episódio que ninguem se lembraria tornou-se um caso. Está a animar bastante o verão, não se fala de outra coisa. O que acontece é que o que ficar decidido vai servir de exemplo para o futuro."