1/4
Foto: Vítor Chi
Rúben Semedo
Foto: Filipe Farinha/Record
Rúben Semedo
Foto: José Gageiro/Movephoto
Rúben Semedo
Foto: Getty Images
Rúben Semedo

Estrelas As confissões do futebolista Rúben Semedo sobre o tempo na prisão: os erros, o medo e o único colega que o visitou

21 de Dezembro de 2024 às 14:20
Ex-jogador de Sporting, FC Porto e da Seleção Nacional falou acerca da etapa mais complicada da sua vida

Rúben Semedo tinha nas mãos um futuro promissor no mundo do futebol quando ainda jovem saiu do Sporting, onde havia sido aposta forte de Jorge Jesus, para o Villarreal, de Espanha, a troco de 14 milhões de euros, em 2017. Contudo, este potencial acabou por ser travado quando, já em terras espanholas, foi preso por agressão e sequestro. Após sair da prisão, continuou a jogar futebol, chegou a representar o FC Porto, tornou-se internacional português e, entretanto, transferiu-se para o Qatar, jogando hoje com as cores do Al-Khor. Pelo meio, atravessou uma outra polémica, tendo sido acusado de violação na Grécia, acusação da qual acabou por ser ilibado.

PUB

"A verdade é que estava perdido, passei de ganhar 10 euros para ganhar 100, e perdi-me com as pessoas que conheci. Sempre disse que a culpa foi minha porque aceitei que essas pessoas entrassem na minha vida. Não escolhi as melhores pessoas para estarem ao meu lado, mas não digo que me arrependa. Fez-me crescer e aprender. Nesta idade, que tenho 30 anos, sou um homem realizado. Obviamente, queria ter outro tipo de histórias para contar no Villarreal",  frisou, à publicação desportiva espanhola 'Marca'.

"O que procurava era só ter companhia, ter alguém ao meu lado. Quando fui para o Villarreal fui sozinho. Em muitas das experiências que tive fora sempre estava a sós, não porque a minha família não quisesse ir, mas porque eu não deixava, não os queria perto para não os preocupar. (…) No final de contas, são decisões, tomamo-las e temos de as aceitar e assumir as consequências, boas ou más", acrescentou Rúben Semedo.

Questionado sobre se teve medo na prisão, afirmou o defesa central: "Sim, obviamente, desde o primeiro dia. É algo a que não estava habituado, tive muito medo. (…) Vi muitas coisas. E assustam, obviamente que assustam."

"O que mais me marcou não foi o que vi, mas a rotina, haver alguém a dizer quando tens de dormir, quando tens de comer, o que podes ou não podes fazer, há homens de 30 e 40 anos a ouvi-lo e a fazê-lo e a rotina mata. Fazer todos os dias o mesmo e o mesmo e não ter a liberdade de pegar num telefone para ligar à tua família, de sair para comer. Do que mais senti falta não foi de jogar futebol, foi de estar em casa a ver Netflix ou a jogar cartas, beber um vinho, partilhar coisas com a família e com as pessoas que gostas", desenvolveu o defesa.

PUB

"O que mais me marcou não foi o que vi, mas a rotina, haver alguém a dizer quando tens de dormir, quando tens de comer, o que podes ou não podes fazer"

RUBEN SEMEDO

Ainda sobre o tempo em que esteve preso, revelou quem foi o único colega que sempre esteve do seu lado: "Quando estive dentro recebi muitas cartas, mas quando saí senti o apoio de muitos colegas. Tenho um amigo muito bom, que é o Gelson Martins [ex-jogador do Sporting], ele foi o único a visitar-me. De colegas do futebol foi o único. Não é só um colega, é meu irmão. Gosto muito dele."

Finalmente, referiu que não sentiu preconceito por parte dos restantes futebolistas: "A verdade é que não. Sou uma pessoa muito aberta e gosto muito de brincar. Quando cheguei ao balneário, havia um silêncio muito grande. Cheguei muito sério, cumprimentei todos e disse: 'Olá, sou o Rúben, como estão? Estejam calmos, que não vou sequestrar ninguém', e toda a gente se riu."

PUB

Últimas

Pode gostar de ler...

Mais Lidas